José Rodrigues dos Santos não é um mau escritor.
Quando o li pela primeira vez, em A Fórmula de Deus, fui surpreendido pela agilidade da intriga.
Pedi, logo de seguida, a quem me tinha emprestado esse livro - dizendo que me interessaria pela sua temática - os outros dois protagonizados por Tomás Noronha. Aquilo que encontrei foi uma repetição exacta da fórmula narrativa e uma constante rememoriação dos mesmos dados e das mesmas informações.
Mas acima de tudo, aquilo que encontrei foi um escritor que não consegue abstrair-se da sua condição de jornalista, obrigado que está a incluir minuciosamente toda a investigação que fez, incapaz de filtrar o que apenas atrapalha o romance.
Isso fez de O Codex 632 um camuflado ensaio, insistente e aborrecido, e de O Sétimo Selo um aviso que cai no campo do absurdo de um filme-catástrofe.
O porquê de ter voltado a este escritor prende-se, possivelmente, com um incontornável desejo de afundar-me numa certeza de falhanço, que me permitisse zurzir no livro em convívio social.
Depois de terem sido indulgentes com esta introdução, falemos do livro.
A vida num sopro é largamente diferente dos títulos que lhe conhecia.
A vida num sopro é, no fundamental, uma (tele)novela tornada livro.
O seu desenvolvimento, na essência um boy meets girl, looses girl, finds girl esticado até aos limites, pretende ser ao mesmo tempo um retrato de Portugal durante a década de 1930.
Mas na sua estrutura em partes, separadas no tempo e fundamentalmente episódios que no seu acaso determinístico discorrem a trama do par central, ficamos mais pertos de ver um postal-resumo de Portugal, vazio de complexidades mas rico em episódios-choque.
O mais perto que A vida num sopro está do tal retrato de uma época acontece nas páginas dedicadas à Guerra Civil Espanhola, que decorrem com inusitada economia de meios e riqueza de detalhes verosímeis.
O resto do tempo, mesmo quando a trama não é previsível, é largamente denunciada.
Como o protagonista anuncia desde muito cedo, para ele viver é sofrer e o livro está decidido a demonstrar isso mesmo até ao fim, com todos os seus (grandiosos) infortúnios.
Há muitos romances portugeses, bons romances portugueses, com tal inclinação para o melodrama barato, mas são mais ricos na sua atmosfera e, sobretudo, escapam à limitação maior de A vida num sopro, ser escrita sobre a influência das obras visuais do nosso tempo.
Será provável que, em breve, A vida num sopro dê origem a "uma grande produção televisiva".
O seu conteúdo e a sua forma estão mesmo a postos para isso.
Quando o li pela primeira vez, em A Fórmula de Deus, fui surpreendido pela agilidade da intriga.
Pedi, logo de seguida, a quem me tinha emprestado esse livro - dizendo que me interessaria pela sua temática - os outros dois protagonizados por Tomás Noronha. Aquilo que encontrei foi uma repetição exacta da fórmula narrativa e uma constante rememoriação dos mesmos dados e das mesmas informações.
Mas acima de tudo, aquilo que encontrei foi um escritor que não consegue abstrair-se da sua condição de jornalista, obrigado que está a incluir minuciosamente toda a investigação que fez, incapaz de filtrar o que apenas atrapalha o romance.
Isso fez de O Codex 632 um camuflado ensaio, insistente e aborrecido, e de O Sétimo Selo um aviso que cai no campo do absurdo de um filme-catástrofe.
O porquê de ter voltado a este escritor prende-se, possivelmente, com um incontornável desejo de afundar-me numa certeza de falhanço, que me permitisse zurzir no livro em convívio social.
Depois de terem sido indulgentes com esta introdução, falemos do livro.
A vida num sopro é largamente diferente dos títulos que lhe conhecia.
A vida num sopro é, no fundamental, uma (tele)novela tornada livro.
O seu desenvolvimento, na essência um boy meets girl, looses girl, finds girl esticado até aos limites, pretende ser ao mesmo tempo um retrato de Portugal durante a década de 1930.
Mas na sua estrutura em partes, separadas no tempo e fundamentalmente episódios que no seu acaso determinístico discorrem a trama do par central, ficamos mais pertos de ver um postal-resumo de Portugal, vazio de complexidades mas rico em episódios-choque.
O mais perto que A vida num sopro está do tal retrato de uma época acontece nas páginas dedicadas à Guerra Civil Espanhola, que decorrem com inusitada economia de meios e riqueza de detalhes verosímeis.
O resto do tempo, mesmo quando a trama não é previsível, é largamente denunciada.
Como o protagonista anuncia desde muito cedo, para ele viver é sofrer e o livro está decidido a demonstrar isso mesmo até ao fim, com todos os seus (grandiosos) infortúnios.
Há muitos romances portugeses, bons romances portugueses, com tal inclinação para o melodrama barato, mas são mais ricos na sua atmosfera e, sobretudo, escapam à limitação maior de A vida num sopro, ser escrita sobre a influência das obras visuais do nosso tempo.
Será provável que, em breve, A vida num sopro dê origem a "uma grande produção televisiva".
O seu conteúdo e a sua forma estão mesmo a postos para isso.
A vida num sopro (José Rodrigues dos Santos)
Gradiva
5ª Edição - Novembro de 2008
616 páginas
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