segunda-feira, 25 de maio de 2009

Policial ou não

A Paciente Misteriosa poderia ter sido um ágil e breve policial ou um complexo mosaico onde as personagens se aproximam e repelem por intricadas teias.
Mas como fica provado, não poderia nunca ser ambos.
O policial desenvolve-se de forma demasiado lenta, sem ritmo.
A culpa é, sobretudo, do extenso primeiro capítulo, que desenvolve as personagens dando informação que será inútil à investigação que se segue, simplesmente porque ela é de novo revelada à medida que esta se desenvolve.
Já as intricadas teias que se criam parecem, no sentido do policial, implausíveis e em muitos momentos as suas acções parecem forçadas para fazer persistir o policial.
Se essa obrigação estivesse ausente, seria possível ter muito mais interesse no grupo que se criou em torno do solar que os uniu e das secretas relações e implicações que a paciente misteriosa revelará pela sua aparição e morte no solar.
P. D. James não perdeu, de todo, o seu talento. Apenas deverá agora progredir e largar o formato policial que sempre a caracterizou, assumindo o formato de composição de grupo que parece agora ter abraçado.

Não poderia acabar sem fazer um pequeno reparo, ainda que não gravoso.
Apanham-se ao longo do livro - embora em diminuição ao longo do mesmo - diversas gralhas que mais não são do que palavras que ficaram abandonadas quando algumas frases foram revistas e refeitas na sua tradução portuguesa.
Há momentos em que o ritmo de leitura se quebra por termos de parar e rever a frase à conta disso, o que é pena.


















A paciente misteriosa (P. D. James)
Publicações Europa-América
1ª Edição - Abril de 2009
344 páginas

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