Quer fazer boa figura citando um grande autor sobre temas variados?
Quer um livro de auto-ajuda intelectualmente aprovável?
Quer um guia ocasional de frases inspiracionais?
Quer realizar psicanálise com as frases corriqueiras de um grande autor literário?
Então leia este livro!
O livro com citações privadas e mundanas de Hemingway, compiladas por um seu amigo que muito o acompanhou e que as foi recolhendo em todo o género de pedaços de papel, sugere, para o bem e para o mal, este anúncio acima, como que feito pelo apresentador de um canal de televendas.
A boa vida segundo Hemingway junta imagens - algumas inéditas e profundamente pessoais - do homem com citações suas a propósito de temas que vão da escrita à caça ou do cinema à morte.
Algumas são boutades, outras contradizem-se entre si, outras valem realmente a página em que estão inscritas.
Há apontamentos interessantes que nos dão, de facto, uma visão mais particular do homem e do escritor; outros simplesmente são desnecessários e mais vale ignorá-los antes que percamos a nossa admiração por quem Hemingway foi.
São, claro, questões de pormenor que podemos enriquecer pelo conhecimento da sua obra.
O livro é, no fundo, uma curiosidade, um entretenimento, um jogo de reconhecimento das ideias que tínhamos dele.
Afinal de contas, um livro de citações assim esgota-se mais rapidamente do que uma das obras que ele deixou ao mundo. Que sirva, ao menos, para que alguns reencontrem o que ele escreveu por via do que ele disse.
Não posso deixar de fazer um reparo a esta capa.
Na ânsia de tornar (ainda mais) chamativa a figura de Hemingway, criaram em torno da sua fotografia uma espécie de representação kitsch de religiosidade.
Hemingway não era, propriamente, uma figura de beatíssima veneração para que o aureolassem desta forma.
Pedia-se aqui mais sobriedade perante a imagem que escolheram ou mais arrojo para fazer capa com uma das fotografias aventurareiras de um homem que escreveu mas também experimentou o mundo!
E antes de concluir ainda tenho de assentar algumas palavras sobre a tradução.
Apesar de não ser assinaladamente problemática, nota-se que foi feita por alguém com um domínio meramente suficiente do inglês e do português.
Digo isto pois a tradução não incorreu em erros sistemáticos, mas apresentou falhas como - e são apenas alguns exemplos - a colocação de "de mais" no lugar de "demais" e a tradução de "toda a sorte de coisas" perante aquilo que imagino ser o original "all sort of things".
São elementos pequenos mas suficientes para colocar em causa o trabalho levado a cabo.
Quer um livro de auto-ajuda intelectualmente aprovável?
Quer um guia ocasional de frases inspiracionais?
Quer realizar psicanálise com as frases corriqueiras de um grande autor literário?
Então leia este livro!
O livro com citações privadas e mundanas de Hemingway, compiladas por um seu amigo que muito o acompanhou e que as foi recolhendo em todo o género de pedaços de papel, sugere, para o bem e para o mal, este anúncio acima, como que feito pelo apresentador de um canal de televendas.
A boa vida segundo Hemingway junta imagens - algumas inéditas e profundamente pessoais - do homem com citações suas a propósito de temas que vão da escrita à caça ou do cinema à morte.
Algumas são boutades, outras contradizem-se entre si, outras valem realmente a página em que estão inscritas.
Há apontamentos interessantes que nos dão, de facto, uma visão mais particular do homem e do escritor; outros simplesmente são desnecessários e mais vale ignorá-los antes que percamos a nossa admiração por quem Hemingway foi.
São, claro, questões de pormenor que podemos enriquecer pelo conhecimento da sua obra.
O livro é, no fundo, uma curiosidade, um entretenimento, um jogo de reconhecimento das ideias que tínhamos dele.
Afinal de contas, um livro de citações assim esgota-se mais rapidamente do que uma das obras que ele deixou ao mundo. Que sirva, ao menos, para que alguns reencontrem o que ele escreveu por via do que ele disse.
Não posso deixar de fazer um reparo a esta capa.
Na ânsia de tornar (ainda mais) chamativa a figura de Hemingway, criaram em torno da sua fotografia uma espécie de representação kitsch de religiosidade.
Hemingway não era, propriamente, uma figura de beatíssima veneração para que o aureolassem desta forma.
Pedia-se aqui mais sobriedade perante a imagem que escolheram ou mais arrojo para fazer capa com uma das fotografias aventurareiras de um homem que escreveu mas também experimentou o mundo!
E antes de concluir ainda tenho de assentar algumas palavras sobre a tradução.
Apesar de não ser assinaladamente problemática, nota-se que foi feita por alguém com um domínio meramente suficiente do inglês e do português.
Digo isto pois a tradução não incorreu em erros sistemáticos, mas apresentou falhas como - e são apenas alguns exemplos - a colocação de "de mais" no lugar de "demais" e a tradução de "toda a sorte de coisas" perante aquilo que imagino ser o original "all sort of things".
São elementos pequenos mas suficientes para colocar em causa o trabalho levado a cabo.
A boa vida segundo Hemingway (A. E. Hochner)
Casa das Letras
1ª Edição - Novembro de 2008
130 páginas
Sem comentários:
Enviar um comentário