domingo, 31 de outubro de 2010

A parte chata

Quando li a sinopse deste livro esperei um policial em jeito de profiler com a dimensão própria de um auto-didacta que se treinou, entre livros e observação sistemática, num estudioso do carácter humano através das feições.
Já quando comecei a ler o livro a implausível justificação para o seu decorrer pareceu-me um MacGuffin que colocava o livro entre Hitchcock e Kafka.
Passando os elementos divulgativos que o autor introduz à sua profissão, parece que o livro vai enveredar por uma perseguição injustificada ao protagonista e capaz de ser confundida com obsessão pouco saudável.
O livro não joga nenhuma dessas cartadas, começa a ser meramente ilustrativo das acções de uma perseguição monótona e demasiado visível, e vai terminar sem graça nem desafio.
A narrativa está manca por ser tão directa, tão clara, tão objectiva.
Tudo o que acontece é a verdade identificada de imediato pelo protagonista. Tudo o que acontece é maldoso mas desfaz-se.
Não há nenhum dos elementos da tragédia, esta obra é como o relato do intervalo no bom funcionamento da vida do seu protagonista ou, ainda mais, esta obra é a contradição ao que disse Hitchcock: este é a parte chata da vida que não deveria ter feito parte da ficção.


















O Fisionomista (Jacinto Borges)
Chiado Editora

1ª edição - Junho de 2010
128 páginas

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Fábula real

Se há uma pergunta em Fábula de Bagdad é se a liberdade é uma conquista ou um bem pelo qual se paga o preço elevado da dignidade e da coesão.
Se a liberdade permite que o indivíduo se liberte de constrições que o pareciam diminuir - no caso dos leões, ser alimentado quando o instinto é caçar - até que ponto o indivíduo perde a noção de grupo e a força que este lhe traz para seguir uma trajectória determinada exclusivamente por si.
Em que momento pode a liberdade deixar de ter significado e transformar-se em solidão?
Até onde se pode ir se o mundo que é entregue - mais do que entregue, forçado - a estes leões está meramente despojado de vida?
Do ponto de vista animal, o mundo apresenta-se através de conceitos imberbes, gerados para completar os espaços da realidade felina.
Daí que seja impressionante confrontar-nos com a megalomania humana quando os leões são incapazes de conceber que "criaturas daquele tamanho" (tanques blindados, entenda-se) tenham inimigos, quando tais objectos são precisamente o que atrai predadores bélicos maiores.
O olhar ingénuo destes animais é o que nos fala sobre nós mas as suas acções ausentes de influência humana são o que nos censura.


Embora a tradução do título leve a perdas de significado (como Pedro Moura bem assinalou), a indicação portuguesa tem muito sentido, não só por estes ensinamentos humanos dados por animais, mas até pelo traçado realista com algumas características mais imaginativas que sugerem a efabulação - e tal fica bem resumido no momento em que uma das leoas se vê perante a representação de um leão alado - com a expressividade facial a conjugar o animal e o humano, bem como o reconhecimento e a surpresa. Os animais são o contacto directo entre o real e o inimaginável nesta história.
Como o antropomorfismo não é total nem simbólico, ou seja, os animais não têm o porte humano nem, pelo contrário, as suas características servem para acentuar os traços de humanos, estamos de facto muito próximos de Esopo ou Beatrix Potter, com a capacidade expressiva dos animais a servir para demonstrar uma ideia forte sobre a realidade.
Tal como os muitos tons ocres e amarelos - e suponho que realistas considerando o ambiente onde se desenrola a história - do livro são asfixiantes mas também deles surgem mais facilmente pequenas maravilhas, tanto para o que será o ponto de vista animal, como para o ponto de vista do leitor.
A "Fábula" faz sentido aqui para resgatar um ambiente onde a destruição é a única expectativa. Que se baseie numa história real é uma surpresa mágica que reforça todo o significado do livro.


















Fábula de Bagdad (Brian K. Vaughan e Niko Henrichon)
BdMania
1ª edição - Dezembro de 2007
136 páginas

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O herói (fora) do cinema

Este ano já tivemos oportunidade de acompanhar uma reinvenção de Robin Hood como herói superlativo da História inglesa.
Não era o herói certo porque o Robin Hood do cinema quer-se aventuroso, divertido, espirituoso. Numa palavra, colorido.
Já neste livro, o contrário resulta e a rispidez realista do Robin Hood mafioso é algo que temos verdadeira vontade de ler.
A reinvenção mais crua e até mesmo mais plausível do que foi a vida de um mito tem razão de ser.
A violência e a crueldade que conhecemos do período onde o autor inseriu o seu Robin Hood exige uma resposta igual de um personagem que tem um poder incomparável sobre um grupo que se expande - em números e em território - facilmente e que tem de dominar com a mesma dureza com que estes homens aprenderam a viver.
A história de Robin Hood é a mesma que conhecemos já, apenas contada de uma perspectiva mais severa.
E Robin Hood tem traço humanos que o tornam mais do que um mero Padrinho, mas são pormenores que o tornam mais rico como personagem e que são, afinal de contas, plausíveis.
Esta é a reinvenção do herói que funciona, porque fora do cinema este Robin Hood pode existir.


















Fora-da-lei (Angus Donald)
Objectiva
1ª edição - Abril de 2010
374 páginas

domingo, 24 de outubro de 2010

Divertimento portátil

Diria que era uma perspectiva inesperada que Christopher Moore tivesse já uma mão cheia de livros editados em Portugal.
Afinal, não é um autor com um talento assinalável para a escrita e nem o humor é um género de apreciável expansão por cá.
Em Minha Besta ficam evidentes as deficiências narrativas de Moore que tem lapsos que exigem algum raciocínio de completação e, outras vezes, algum exercício de esquecimento para que a história continue unida e flúida.
Já o seu humor tem o dom de fazer precisamente o contrário, manter o leitor obcecado com os detalhes das suas ideias.
A visão de Christopher Moore tem uma liberdade infantil sobre o que o potencial do mundo e um reaccionarismo provocador que não aceita limites para o que pode fazer com o mundo.
Acho que esta combinação fica bem resumida naquela que é, provavelmente, a mais persistente ideia deste livro, quando um grupo de amigos gastam meio milhão de dólares com uma prostituta que tem um truque para se potenciar, pinta-se de azul. O motivo que os levou a isso foi, pois claro, a descoberta de uma vontade partilhada da sua infância, a de foderem um estrumpfe.
Valeria a pena reflectir sobre se um livro será o meio certo para Christopher Moore. Um programa de sketches ou meia hora de stand up poderiam funcionar melhor, baseados apenas nas ideia de Moore e sem necessidade de consistência narrativa.
Claro que esses dois meios impediriam que abríssemos um livro e sermos prendados com um início como Mataste-me, meu estafermo! Tu não prestas! ou que andássemos a lê-lo em público e a tentar conter o riso.
Ter a hipótese de andar com um pedaço de humor assim no seio da "boa sociedade" torna-o ainda mais divertido.


















Minha Besta (Christopher Moore)
Gailivro
Sem indicação da edição - 2008
344 páginas

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Pequenos objectos

Quando viajo gosto de fazer o circuito de livrarias, se é que se pode chamar assim a entrar em todos os locais remotamente semelhantes a uma livraria e ir pedindo direcções até uma próxima ou melhor livraria.
Foram várias as surpresas agradáveis que tive ou os motivos para inveja que trouxe ao regressar ao nosso país.
Nas surpresas assinalaria a Toletta, por exemplo, que é uma grande livraria - ocupa quatro cantos numa intersecção de ruas - com identidade de pequena livraria acolhedora, que vende livros antigos a peso usando uma velha balança de merceeiro.
Quanto a invejas, a maior será sempre a quantidade e qualidade de edições de banda desenhada que são editadas com os jornais, em capa dura, papel de qualidade e preços óptimos.
Mas uma das coisas que mais me importou assinalar foi a Juke-Box Letterari. Podem ver na imagem do que se trata, um expositor colocado em algumas das paragens de Vaporetto (e, como poderão notar, nas paragens de Metro de diversas outras cidades) onde se distribuem pequenas edições literárias.
Nesta paragem em particular o primeiro número lançado já estava vazio, noutra todos os livros tinham sido levados e somente na paragem que dava para uma universidade é que todos os livros ainda estavam disponíveis em boa quantidade - e não tirarei ilações daqui, embora me pareça que não fosse um local de regular reposição dos pequenos livros.


Voltando à mesma ideia sobre a qual já escrevera, ninguém se parece importar com a pouca qualidade do papel e da edição - que não deixa de ser cuidada, atenção! - na altura de ler ou de publicar.
Há desde poesia a horror, há experimentação literária, e os seus autores não têm medo de que estas edições possam parecer mais descartáveis do que coleccionáveis - e isto apesar de todos os textos estarem acompanhados de ilustrações de capa interessantes e prefácios de pessoas "assinaláveis".
Estes pequenos livros são tratados como invólucros, veículos para chegar às pessoas e pensados como temporários, recicláveis.
Não faço aqui uma defesa do desprezo do livro, antes penso a mistificação do livro até por ser bastante picuinhas no que trata ao estado geral dos meus livros.
Julgo é que temos de colocar a ideia do livro ao nível popular, ao nível do transversalmente acessível, não só a quem possa ler mas a quem queira publicar.
O que importa a publicidade impressa, o que importa a página que se rasga num virar mais vigoroso se o escritor consegue contactar e tocar as pessoas com as suas palavras?
Não quero dizer que em Portugal não haja quem trabalhe para abrir portas a escritores sem oportunidades, mas não tenho lembrança de um processo assim tão generalizado, diversificado e apoiado como este.
Suponho que o meu objectivo verdadeiro seja o de colocar o escritor e o livro ao nível de qualquer banal profissão e objecto, respectivamente, para sentir que mais pessoas chegarão à possibilidade de ser um e ainda mais pessoas chegarão à realidade de ler um, de novo respectivamente.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Da bela morte

Há vários anos atrás, numa vontade súbita de ler Thomas Mann, optei por Morte em Veneza e não por A Montanha Mágica.
Apesar de ser este segundo aquele de que mais tinha ouvido falar, o outro era mais maneiro para um adolescente - tratava-se de uma edição de bolso da Europa-América.
Na altura de preparar as leituras que me iriam acompanhar na viagem a Veneza, Morte em Veneza este livro encabeçou a lista (pequena, confesso, que o trabalho não deixaria muito tempo a leituras) dos livros que mudariam temporariamente de país.
Foi uma decisão que se revelou mais do que perfeita e suponho que, tanto antes como depois de mim, muitos serão os que chegarão a essa mesma constatação.
Quando o ambiente que extravasa do livro se confunde com o ambiente que nos rodeia há uma espécie de magia resultante de uma concretização literal da palavra que nos fascina.
Daí que, de futuro, em qualquer viagem, vá tentar associar com precisão o livro que me acompanha à cidade por onde passarei.

Sobre a releitura do livro, foi ainda mais fascinante. A escrita portentosa e sugestiva mas serena, a economia de meios com que Mann conta uma história a que me apetece chamar absoluta por dizer tudo - ou sugerir - o que é importante sobre Cultura, Beleza e Morte, elementos de que não me recordava quando me lembrava da trama mas que são inesquecíveis agora.
Embora o livro seja magnífico, o seu texto diz-nos precisamente que a busca do artista pela beleza absoluta nunca deve ser concretizada.
Caso contrário este queda-se, deixa de decidir ou actuar e espera apenas pelos vislumbres da perfeição que encontrou. O artista desiste do seu papel crendo ou temendo que a Beleza, visibilidade do Espiritual, a ocorrer, seja sempre superior ao seu papel de procura da mesma.
Assim como o artista, também qualquer homem que se renda ao objecto que nem sonhava desejar está a menorizar o seu papel na criação do divino - entendido como o que supera toda a sua própria capacidade de entendimento, mesmo pela via dos cinco sentidos.
Talvez a peste seja um preço justo pela apreciação dessa beleza e pelo arrebatamento irreal, mas esperar a morte em troca do mero vislumbre da perfeição é rejeitar o que se é.


















Morte em Veneza (Thomas Mann)
Colecção Mil Folhas/Público

Novembro de 2002
98 páginas

domingo, 17 de outubro de 2010

Veneza sem tempo

Fotografia de Veneza tirada por quem escreve

A leitura deste livro não seria nunca negligenciada mas a viagem à cidade promoveu a antecipação da atenção que lhe iria dedicar.
Veneza é como a própria cidade, um rumo óbvio e central que toma gosto em perder-se pelas ruelas mais apertadas de informação.
Os traços latos da História e do povo da cidade são como o Grande Canal que todos atravessam. Mas a historietas, os pormenores em que o livro depois se alonga, são como as ruelas que primeiro surgem labirínticas mas depois se tornam em traços bem vincados da memória de como se atravessa o coração da cidade.
Essas ruelas são a verdadeira personalidade de Veneza/Veneza pois o Canal torna-se numa mera via de trânsito depois de o atravessarmos a primeira vez mas as ruelas são quase infinitas nas descobertas que encerram até as conhecermos todas.
A dedicação do livro à sua cidade demonstra que não é feito para o visitante ocasional. Para contemplar toda a sua informação é necessário viver na cidade o tempo suficiente para lhe sermos devotos por inteiro.
Só que o prazer da leitura dá uma perspectiva extraordinária da cidade, uma perspectiva que faz olhar para a cidade com mais atenção, que faz viver a cidade melhor quando não estamos lá e que, com alguma crueldade, deixa saudade de tudo aquilo que a Veneza do livro tinha para mostrar e a Veneza do nosso tempo de viagem não permitiu ver.


















Veneza (Jan Morris)
Tinta da China
2ª edição - Maio de 2010
440 páginas

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Identidade do género

Fotograma de "Nosferatu, eine Symphonie des Grauens"

Dar um género sem tradição nacional a um punhado bem seleccionado de autores é um ganho quase certo.
Se bem escolhidos, como o são aqui, os autores vão pegar nas normas do género com respeito mas sem reverência e construir um trabalho que seja identitário.
Quem cria sabe do mito do vampiro mais do que aquilo que precisa e, com isso, consegue não forçar a inserção no género. Simplesmente encaixa nele.
Cada autor cede um pouco dos seus traços para que a personalidade própria e a exigência do género se intersectem e não se combatam.
Esta comunhão desagua em pequenos desenlaces sobre a pertubação da infância, sobre as crenças de um país, sobre a esperança do futuro ou sobre a sensualidade da música.
São nove contos sobre vampiros e são nove contos sobre as fixações dos autores.
São nove provas de talento que tanto recuam à essência gótica do género (Hélia Correia) como apontam ideias para um futuro que pode abafar os modernismos vampíricos do cinema (Jorge Reis-Sá).
Nove contos singulares em ambientes que até poderiam não resultar (ou não encantar) em versões mais extensas mas que nos deixam essa expectativa.
Houve, no entanto, um conto cuja memória permaneceu comigo acima das restantes: "Vlad, o Impalador" de João Tordo. A violência da infância e o encanto da sua imaginação cruzam-se num ambiente tenebroso de tão reconhecível e deixam ao leitor a marca da dúvida e o peso da decisão sobre se é ficção ou realidade o desígnio do que leu.
Um conto que sozinho exemplifica o que os outros igualmente conseguem, serem declaradas partes dos universos pessoais dos escritores e serem "de género" como quem lê espera.


















Contos de Vampiros (vários)
Porto Editora
1ª edição - Outubro de 2009
144 páginas

domingo, 10 de outubro de 2010

Sejamos humanos

Um arremedo do romance policial montado como um romance xaroposo que poderia ser de Warthon ou Austen.
O resultado é uma delícia de quem e para quem ama a literatura.
A um romance não importa como nem porquê, não importam as origens, os temas ou as ideias.
O que verdadeiramente importa a um romance é o talento com que é feito e o resto se comporá.
Não é universal esta frase, como nenhuma é senão até ao próximo livro, mas ver estas quatro talentosas mãos a passearem-se pela inconsequência e a regressarem de lá com um belíssimo livro obriga a que a escreva.
Brincando com algumas personagens, com os seus percursos tontos e mal conduzidos, Ocampo e Bioy Casares fazem da ridicularia humanidade, fazem-nos crer que é assim que se deveria viver e não com a seriedade de cabeça erguida.
Expressar a nossa incongruência e a nossa tolice é a forma mais pura de afirmar a nossa humanidade, de mostrarmos a nossa existência ao mundo para quem somos uma partícula antiga de riso esquecido.
Vamos passar sem deixar uma marca profundamente significativa no mundo, então porque não deixar uma marca profundamente significativa na nossa própria vida – e na vida de das ou três pessoas que se aproximam de nós, se conseguirmos interessar-nos por isso.
Essa marca é a marca da confissão e da confiança, do despojamento, do risco do ridículo, da irresponsabilidade, do agir sem pensar.
Sejamos tontos, sejamos libertos, sejamos inconsequentes, sejamos aquilo que nos ensinaram a esconder.
Sejamos, pois, humanos e criemos da tontearia a beleza.


















Quem ama, odeia (Silvina Ocampo e Adolfo Bioy Casares)
Oficina do Livro
1ª edição - Setembro de 2009
168 páginas

sábado, 9 de outubro de 2010

Ler até ao fim

O que dizer do último leitor, o homem que numa aldeia sujeita à seca morre de fome mas não morre sem ler? Do homem que não tinha leitores, que perdeu o apoio do Estado, mas nem por um nem pelo outro motivo fechou a sua biblioteca?
Dizer que ele é, igualmente, o homem que numa das suas salas cria baratas alimentando-as com os livros que ele lê só para descobrir que não merecem o espaço na prateleira.
O último leitor é o crítico que todos adoraríamos ser, atirando ao buraco do nojo e do esquecimento as páginas imerecidamente impressas.
O seu sentido crítico não olha nem à religião, corrigindo a “fé” das relíquias e a qualidades sintáxicas da Bíblia.
Um crítico que tem, como julgo que todos os leitores, uma prateleira de favoritos conservados e recordados mas que é único quando concretiza o desejo de condenar ao seu pequeno poço de ódio os livros que algumas pessoas ainda se julgam obrigadas a sofrer até ao final.
Não é este buraco com vista para o inferno literário que o último leitor tem de mais distinto ou atraente.
O último leitor descobriu que a vida vem nos livros sobretudo se colocarmos os livros a jeito para moldarem a vida.
Os livros sabem tudo se soubermos qual é o livro certo.
Esconda-se um cadáver, perca-se uma filha, morra-se, confesse-se. Está no livro, mas qual?
O último leitor sabe-o e, por isso, contra a seca, contra a fome, contra a polícia e contra a pura contrariedade, ele defende a sua biblioteca que está na sua propriedade e, por isso, não a fecha.
O último leitor levará a literatura até ao final do mundo, levá-la-á em seu nome mas ao serviço da humanidade.


















O último leitor (David Toscana)
Oficina do Livro
1ª edição - Fevereiro de 2008
216 páginas