No outro dia vi um tipo sair da loja com as calças que estava a experimentar vestidas e tinha deixado as dele penduradas com a carteira dentro na sala de provas...
Isto é o início de Um Pequeno Inconveninente mas poderia ser o início de uma conversa a passar-se entre duas pessoas muito à vontade uma com a outra que se acabam de encontrar em qualquer sítio.
Não é apenas o início do livro que é assim, cada capítulo parece ser o início de uma história, daquelas que um amigo é capaz de começar a contar a outro, e que este último não sabe onde vai acabar.
A história começa com algo que capte a atenção, que o deixe em suspenso mas tudo pode descambar numa piada tola ou desembocar num trágico desabafo.
Com cada capítulo a ser uma pequena história não significa que eles se isolem, aliás o contrário é que é verdade.
As histórias, por serem versões do mesmo evento e por cada evento vir sempre em consequência do anterior, exponenciam-se e tornam-se num(a) enorme drama/piada.
Se nos rimos destes personagens no meio destas situações também compreendemos que os seus dramas são verídicos e são característicos de muita gente "normal".
Só que os dramas só existem porque estas pessoas interpretam a realidade pelos olhos do exagero e da dificuldade. Há uma certa paranóia em quem julga poder cortar um cancro à tesourada que nem é cancro nenhum. Há medo e há incoerência nas interpretações.
As interpretações fazem o drama destas personagens, a realidade que o leitor percebe é bem oposta a essa interpretação. A distância entre as duas é que faz a piada, ao fim e ao cabo.
É provável que em Um Pequeno Inconveniente a grande falha de todas as personagens seja o diálogo. Se alguém tomasse o tempo para desabafar, para responder a uma chamada, para aparecer de visita, talvez ninguém olhasse para a relidade e a interiorizasse ao ponto da insanidade.
Claro que se as personagens dialogassem estes pequenos eventos não sucederiam nem se acumulariam. E, nessa altura, o livro não teria piada nenhuma ou não teria drama nenhum.
Isto é o início de Um Pequeno Inconveninente mas poderia ser o início de uma conversa a passar-se entre duas pessoas muito à vontade uma com a outra que se acabam de encontrar em qualquer sítio.
Não é apenas o início do livro que é assim, cada capítulo parece ser o início de uma história, daquelas que um amigo é capaz de começar a contar a outro, e que este último não sabe onde vai acabar.
A história começa com algo que capte a atenção, que o deixe em suspenso mas tudo pode descambar numa piada tola ou desembocar num trágico desabafo.
Com cada capítulo a ser uma pequena história não significa que eles se isolem, aliás o contrário é que é verdade.
As histórias, por serem versões do mesmo evento e por cada evento vir sempre em consequência do anterior, exponenciam-se e tornam-se num(a) enorme drama/piada.
Se nos rimos destes personagens no meio destas situações também compreendemos que os seus dramas são verídicos e são característicos de muita gente "normal".
Só que os dramas só existem porque estas pessoas interpretam a realidade pelos olhos do exagero e da dificuldade. Há uma certa paranóia em quem julga poder cortar um cancro à tesourada que nem é cancro nenhum. Há medo e há incoerência nas interpretações.
As interpretações fazem o drama destas personagens, a realidade que o leitor percebe é bem oposta a essa interpretação. A distância entre as duas é que faz a piada, ao fim e ao cabo.
É provável que em Um Pequeno Inconveniente a grande falha de todas as personagens seja o diálogo. Se alguém tomasse o tempo para desabafar, para responder a uma chamada, para aparecer de visita, talvez ninguém olhasse para a relidade e a interiorizasse ao ponto da insanidade.
Claro que se as personagens dialogassem estes pequenos eventos não sucederiam nem se acumulariam. E, nessa altura, o livro não teria piada nenhuma ou não teria drama nenhum.
Um Pequeno Inconveninente (Mark Haddon)
Editorial Presença
1ª edição - Outubro de 2007
420 páginas
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