Não sei quantos leitores de elevada exigência incluiriam Michael Moorcock numa lista dos mais significativos autores da sua biblioteca.
O seu Elric, que descobri primeiro através de uma versão em banda desenhada e, mais recente e devidamente, através da Saída de Emergência, agrada-me mas não me seduz ao regresso como Solomon Kane.
Mas é para ele e sob a sua égide que Michael Chabon inicia este livro. Aliás, esta compilação em livro de um folhetim originalmente publicado na The New York Times Magazine.
Com isto Michael Chabon está a provar, em definitivo, que é possível fazer grande literatura a partir de bases populares e inesperadas, seja o noir de Chandler em O Sindicato de Polícias Iídiches, a banda desenhada em As espantosas aventuras de Kavalier & Clay ou os serials neste caso.
Bases tanto inpiracionais quanto práticas. O género a sugerir um tema onde cabem ideias mais extensas. O ritmo e as sequências a oferecerem estruturas com possibilidades quase ilimitadas para o gosto e a demanda de Chabon pelo cuidado e a inventividade da linguagem.
Neste caso, a aventura de tom vertiginoso esconde toda a complexidade de um mais um estudo pertinente sobre a identidade judaica, o que ele já fazia com os dois outros livros que dele li.
Tal estudo não empastela a narrativa nem lhe encobre o interesse literário globalizado que tem ou, pelo menos, deveria ter quando lemos sobre estes dois fantásticos personagens.
Dúbios, complexos, dignos quando o seu carácter prometeria o oposto, cheios de recursos e com uma entrega inquestionável ao objectivo que está diante de si.
Mesmo quando se comportam de forma censurável mantêm uma dignidade digna de nota.
São, como já eram Elric e Conan, anti-heróis sedutores. São figuras complexas, com defeitos e sujeitos a críticas, que substanciam o percurso literário de aventuras que foram a um tempo ingénuas mas chegaram mais perto da mutação e evolução dos seus próprios leitores.
Personagens que percorrem um cenário parcialmente esquecido mas não menos digno de relevo. Um cenário que é, quando devidamente se procura desvendá-lo para lá do fim do livro, uma personagem tão significativa quanto os dois protagonistas.
Grande literatura partindo de um lugar inesperado que deverá levar os leitores a interrogar-se sobre a atenção que dão a este género em geral - e, no meu caso particular, a Elric em particular.
O seu Elric, que descobri primeiro através de uma versão em banda desenhada e, mais recente e devidamente, através da Saída de Emergência, agrada-me mas não me seduz ao regresso como Solomon Kane.
Mas é para ele e sob a sua égide que Michael Chabon inicia este livro. Aliás, esta compilação em livro de um folhetim originalmente publicado na The New York Times Magazine.
Com isto Michael Chabon está a provar, em definitivo, que é possível fazer grande literatura a partir de bases populares e inesperadas, seja o noir de Chandler em O Sindicato de Polícias Iídiches, a banda desenhada em As espantosas aventuras de Kavalier & Clay ou os serials neste caso.
Bases tanto inpiracionais quanto práticas. O género a sugerir um tema onde cabem ideias mais extensas. O ritmo e as sequências a oferecerem estruturas com possibilidades quase ilimitadas para o gosto e a demanda de Chabon pelo cuidado e a inventividade da linguagem.
Neste caso, a aventura de tom vertiginoso esconde toda a complexidade de um mais um estudo pertinente sobre a identidade judaica, o que ele já fazia com os dois outros livros que dele li.
Tal estudo não empastela a narrativa nem lhe encobre o interesse literário globalizado que tem ou, pelo menos, deveria ter quando lemos sobre estes dois fantásticos personagens.
Dúbios, complexos, dignos quando o seu carácter prometeria o oposto, cheios de recursos e com uma entrega inquestionável ao objectivo que está diante de si.
Mesmo quando se comportam de forma censurável mantêm uma dignidade digna de nota.
São, como já eram Elric e Conan, anti-heróis sedutores. São figuras complexas, com defeitos e sujeitos a críticas, que substanciam o percurso literário de aventuras que foram a um tempo ingénuas mas chegaram mais perto da mutação e evolução dos seus próprios leitores.
Personagens que percorrem um cenário parcialmente esquecido mas não menos digno de relevo. Um cenário que é, quando devidamente se procura desvendá-lo para lá do fim do livro, uma personagem tão significativa quanto os dois protagonistas.
Grande literatura partindo de um lugar inesperado que deverá levar os leitores a interrogar-se sobre a atenção que dão a este género em geral - e, no meu caso particular, a Elric em particular.
O único (des)apontamento a fazer à edição deste livro em Portugal vai para a não inclusão das 15 ilustrações realizadas por Gary Gianni para acompanhar o texto.
Deixo um magnífico exemplo do trabalho para que quem se apaixone por este livro possa vasculhar os recantos da net e ver as imagens, aproveitando certamente para reler o livro com elas ao lado.
Deixo um magnífico exemplo do trabalho para que quem se apaixone por este livro possa vasculhar os recantos da net e ver as imagens, aproveitando certamente para reler o livro com elas ao lado.
Cavalheiros da estrada (Michael Chabon)
Casa das Letras
1ª edição - Junho de 2010
176 páginas
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