O delicioso O Livro Inclinado tem uma história muito simples, feita de pequenos episódios caricatos causados por um carrinho de bebé que rola solto por uma ladeira abaixo.
Mas a história é acessória, ritmada e divertida nas suas quadras - dois traços que a tradução portuguesa mantém e até mesmo valoriza - e magnificamente ilustrada, mas acessória.
O que importa é compreender como o mecanismo constitutivo do livro, a sua inclinação, é motivo central do jogo de leitura e de significados.
Tal como com O incrível rapaz que comia livros, aqui se apela à interacção com o significado do livro como objecto dinâmico, mutável e surpreendente.
Ao quebrar a barreira do rectângulo - como os livros de pop-ups fazem de uma outra forma - este livro cria uma riqueza para o livro que obrigatoriamente fará o leitor a ele reagir e se indagar sobre o que mais pode, afinal, um livro ser para além da definição - que neste caso significará igualmente limitação - académica que se habituou a conhecer.
Mas há algo de ainda mais curioso na inclinação do livro. Com as letras a escorregaram nas páginas da esquerda (quando temos o livro aberto) e as figuras a escorregarem nas páginas na direita, o leitor é conduzido ao coração do livro, convidado a um mergulho quase literal no interior do objecto que se apresenta à sua frente.
Onde as imagens e as palavras colidiriam está um espaço em branco, mas está também a imaginação do leitor.
O livro não só se apresenta como objecto, como obriga (agradavelmente) o leitor a tornar-se parte do livro.
Todos estes efeitos que resultam de um artifício realmente tão simples - mas que alguém teve de imaginar de forma pioneira - e todos os outros que cada leitor poderá descobrir por si, tornam O Livro Inclinado numa obra que 100 anos depois ainda surpreende e ainda merece o culto que foi ganhando.
Mas a história é acessória, ritmada e divertida nas suas quadras - dois traços que a tradução portuguesa mantém e até mesmo valoriza - e magnificamente ilustrada, mas acessória.
O que importa é compreender como o mecanismo constitutivo do livro, a sua inclinação, é motivo central do jogo de leitura e de significados.
Tal como com O incrível rapaz que comia livros, aqui se apela à interacção com o significado do livro como objecto dinâmico, mutável e surpreendente.
Ao quebrar a barreira do rectângulo - como os livros de pop-ups fazem de uma outra forma - este livro cria uma riqueza para o livro que obrigatoriamente fará o leitor a ele reagir e se indagar sobre o que mais pode, afinal, um livro ser para além da definição - que neste caso significará igualmente limitação - académica que se habituou a conhecer.
Mas há algo de ainda mais curioso na inclinação do livro. Com as letras a escorregaram nas páginas da esquerda (quando temos o livro aberto) e as figuras a escorregarem nas páginas na direita, o leitor é conduzido ao coração do livro, convidado a um mergulho quase literal no interior do objecto que se apresenta à sua frente.
Onde as imagens e as palavras colidiriam está um espaço em branco, mas está também a imaginação do leitor.
O livro não só se apresenta como objecto, como obriga (agradavelmente) o leitor a tornar-se parte do livro.
Todos estes efeitos que resultam de um artifício realmente tão simples - mas que alguém teve de imaginar de forma pioneira - e todos os outros que cada leitor poderá descobrir por si, tornam O Livro Inclinado numa obra que 100 anos depois ainda surpreende e ainda merece o culto que foi ganhando.
O Livro Inclinado (Cristina Carvalho)Orfeu Negro/Orfeu Mini
2ª edição - 2009
48 páginas
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