Para que um exercício de humor como é este resulte, é preciso acrescentar-lhe algo e não meramente tentar reduzir uma obra a três vinhetas.
Neste caso, aquilo que o autor acrescentou foi a ironia, só que infelizmente só o fez pontualmente.
A ironia de dizer que o destino de Winston Smith como zombie que bebe gim o dia todo não é tão mau como nos podem fazer crer; ou que o facto do Cinema, numa clara excepção à regra, não ter imitado a literatura e ter permitido que John Rambo não morresse no final é de uma tristeza terrível por todas as sequelas que originou.
Nestes casos, o autor está a fazer algo mais do que resumir, está a pegar no imaginário popular - não necessariamente simplista - das obras e a relacionar-se com o leitor a um nível que permite rir do que sabemos e do que lemos e das ideias geralmente aceites.
Mas em muitos outros casos, o resumo é apenas isso, um descarnar o livro a um ponto que não tem interesse nenhum para o leitor, pois aquele que conhece a obra acha que o resumo lhe retira toda a essência e para aquele que não a conhece parecer-lhe-á uma idiotice que nunca lerá.
Porque não é possível reduzir um livro como a Odisseia a um simples Vou chegar tarde a casa... como fez António Lobo Antunes se não houver um contexto que se aplique, uma ironia de escritor para escritor que está a destacar a importância da escrita.
Essa ideia da importância de como se escreve está ausente de demasiados dos resumos de várias obras, até mesmo pela forma como elas se apresentam. Muitos destes resumos não dizem nada de relevante sobre a obra, nem sobre a capacidade humorística de Henrik Lange.
A par disto, fica ainda a pairar a questão discutível da escolha das obras.
Cada um trabalha sobre o material que - assumo - conhece, mas colocando na capa a palavra "Clássicos", convém corresponder a isso mesmo.
Portanto, o que fazem O Código Da Vinci ou O Perfume aqui?
Uma selecção mais pequena e mais pensada destes jogos literários teria dado um livro certamente mais curioso.
Neste caso, aquilo que o autor acrescentou foi a ironia, só que infelizmente só o fez pontualmente.
A ironia de dizer que o destino de Winston Smith como zombie que bebe gim o dia todo não é tão mau como nos podem fazer crer; ou que o facto do Cinema, numa clara excepção à regra, não ter imitado a literatura e ter permitido que John Rambo não morresse no final é de uma tristeza terrível por todas as sequelas que originou.
Nestes casos, o autor está a fazer algo mais do que resumir, está a pegar no imaginário popular - não necessariamente simplista - das obras e a relacionar-se com o leitor a um nível que permite rir do que sabemos e do que lemos e das ideias geralmente aceites.
Mas em muitos outros casos, o resumo é apenas isso, um descarnar o livro a um ponto que não tem interesse nenhum para o leitor, pois aquele que conhece a obra acha que o resumo lhe retira toda a essência e para aquele que não a conhece parecer-lhe-á uma idiotice que nunca lerá.
Porque não é possível reduzir um livro como a Odisseia a um simples Vou chegar tarde a casa... como fez António Lobo Antunes se não houver um contexto que se aplique, uma ironia de escritor para escritor que está a destacar a importância da escrita.
Essa ideia da importância de como se escreve está ausente de demasiados dos resumos de várias obras, até mesmo pela forma como elas se apresentam. Muitos destes resumos não dizem nada de relevante sobre a obra, nem sobre a capacidade humorística de Henrik Lange.
A par disto, fica ainda a pairar a questão discutível da escolha das obras.
Cada um trabalha sobre o material que - assumo - conhece, mas colocando na capa a palavra "Clássicos", convém corresponder a isso mesmo.
Portanto, o que fazem O Código Da Vinci ou O Perfume aqui?
Uma selecção mais pequena e mais pensada destes jogos literários teria dado um livro certamente mais curioso.
90 Livros Clássicos para pessoas com pressa (Henrik Lange)
Editorial Presença
1ª edição - Novembro de 2009
192 páginas
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