Méndez persegue os criminosos mesmo sabendo que eles lhe fugirão. Mas persegue-os para que eles escapem aos restantes polícias e assim possa manter a estrutura do seu pequeno mundo.
Ele salva os pequenos criminosos que já conhece para que não os veja substituídos por outros que estejam para lá da sua esfera de entendimento e conforto, para que os pequenos criminosos possam escapar à (in)Justiça da Lei que ele serve mas não deixa de criticar.
Lei que ele só invoca quando lhe convém usar o Artigo 26 para dar, afinal, ao povo o poder que não tem, e assim evitar que alguém seja preso por mera burrice:
Ele salva os pequenos criminosos que já conhece para que não os veja substituídos por outros que estejam para lá da sua esfera de entendimento e conforto, para que os pequenos criminosos possam escapar à (in)Justiça da Lei que ele serve mas não deixa de criticar.
Lei que ele só invoca quando lhe convém usar o Artigo 26 para dar, afinal, ao povo o poder que não tem, e assim evitar que alguém seja preso por mera burrice:
Pelo artigo vinte e seis
o Governo tem atribuições
para passar pelos colhões
todas as leis do país.
o Governo tem atribuições
para passar pelos colhões
todas as leis do país.
Méndez luta pela preservação da Barcelona que conhece para que esta não se renda à modernidade que o deixará desfasado daquilo que ainda é o seu familiar "bairro"
Luta também pela decência das mulheres desprezadas e usadas de Barcelona, que vendem o amor que têm para dar, seja por dinheiro ou por uma mera ilusão de felicidade.
Por isso se rege por um ideário que é só seu, o que muito irrita os seus chefes e colegas e muito o compromete, mas que o mantem fiel a si mesmo, o que para ele é a única bitola que lhe interessa.
Ele insiste na sua forma de tratar dos casos - que nem sequer lhe dizem respeito - porque confia no seu instinto, no seu interesse pelos pormenores que os outros parecem desprezar.
Só que, aqui interessa menos o que ocorre do que a personagem que circula no seio da trama. Um pouco como Philip Marlowe, se este tivesse entretanto envelhecido e tornado-se ainda mais cínico.
Méndez podia estar agora a conviver e a trocar irritações com Nero Wolfe ou com Salvo Montalbano. É um personagem com as qualidades clássicas de um detective capaz de se afirmar no imaginário global.
Em boa hora a Contraponto trouxe Méndez ao convívio dos portugueses - na verdade já o tinha feito por via do Quinto Selo em 2007, mas confesso que nessa altura estava desatento - e por isso vos apresento o inspector Méndez. Façam o favor de lhe dar a muito merecida atenção!
Luta também pela decência das mulheres desprezadas e usadas de Barcelona, que vendem o amor que têm para dar, seja por dinheiro ou por uma mera ilusão de felicidade.
Por isso se rege por um ideário que é só seu, o que muito irrita os seus chefes e colegas e muito o compromete, mas que o mantem fiel a si mesmo, o que para ele é a única bitola que lhe interessa.
Ele insiste na sua forma de tratar dos casos - que nem sequer lhe dizem respeito - porque confia no seu instinto, no seu interesse pelos pormenores que os outros parecem desprezar.
Só que, aqui interessa menos o que ocorre do que a personagem que circula no seio da trama. Um pouco como Philip Marlowe, se este tivesse entretanto envelhecido e tornado-se ainda mais cínico.
Méndez podia estar agora a conviver e a trocar irritações com Nero Wolfe ou com Salvo Montalbano. É um personagem com as qualidades clássicas de um detective capaz de se afirmar no imaginário global.
Em boa hora a Contraponto trouxe Méndez ao convívio dos portugueses - na verdade já o tinha feito por via do Quinto Selo em 2007, mas confesso que nessa altura estava desatento - e por isso vos apresento o inspector Méndez. Façam o favor de lhe dar a muito merecida atenção!
A Dama de Caxemira (Francisco González Ledesma)
Contraponto
1ª edição - Junho de 2009
200 páginas
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