Se disser muito simplesmente que A Trégua é uma lição sobre o Amor, chegarão a um lugar-comum de imaginarem um qualquer romance lamechas com pretensões de psicologia barata.
Se disser, pelo contrário, que A Trégua é o retrato de como a vida se espraia para a eternidade mesmo nos momentos mais ténues, julgarão que se trata de um romance sobrecarregado de intelectualidade.
A Trégua, muito provavelmente, é tudo o que existe pelo meio de ambos os pontos e que os une ou separa.
A Trégua é um diário (literalmente) de um homem a caminho da reforma que se atormenta com o que poderia ter sido, com o tempo vazio que terá de ocupar, com as memórias que ressurgem ou se perdem.
Um homem que tem, ao fim de vinte anos de imaculada viuvez, o encontro com uma jovem que o arrebata.
Ele, julgando-se perto demais do fim - da vida, das possibilidades, do merecimento - não é capaz de se entregar ao que verdadeiramente sente. Demora demais até aceitar que poderá estar perante algo que merece mais do que a sua desconfiança.
Crente no inevitável fim daquilo que vive naquele momento, ele não encarará esta porção da sua vida senão como encara a própria vida, um tempo a ter de ser ocupado, um ócio sem justificações.
Por isso esconde, até de si mesmo, a felicidade conjunta que encontrou e que vive. Quando a deixa despontar não é ainda tarde demais, mas há uma dramática lição para aquele homem que tanto atormentava a própria alma.
A trégua do título é o tempo que Deus lhe concede de alívio das dúvidas mundanas, um alívio que será por natureza breve e que confundirá aquele que o sente por se parecer demais com a verdadeira salvação, a eternidade feliz concedida antecipadamente.
A trégua não é a disponibilidade de tempo para aquilo que ele quiser. A trégua é o esquecimento da inexorável passagem desse tempo e das tragédias que se encontram na revisão do tempo que ficou para trás.
A Trégua é um livro absoluto, uma Alma traduzida em palavras e um pedaço de literatura brilhante.
Se disser, pelo contrário, que A Trégua é o retrato de como a vida se espraia para a eternidade mesmo nos momentos mais ténues, julgarão que se trata de um romance sobrecarregado de intelectualidade.
A Trégua, muito provavelmente, é tudo o que existe pelo meio de ambos os pontos e que os une ou separa.
A Trégua é um diário (literalmente) de um homem a caminho da reforma que se atormenta com o que poderia ter sido, com o tempo vazio que terá de ocupar, com as memórias que ressurgem ou se perdem.
Um homem que tem, ao fim de vinte anos de imaculada viuvez, o encontro com uma jovem que o arrebata.
Ele, julgando-se perto demais do fim - da vida, das possibilidades, do merecimento - não é capaz de se entregar ao que verdadeiramente sente. Demora demais até aceitar que poderá estar perante algo que merece mais do que a sua desconfiança.
Crente no inevitável fim daquilo que vive naquele momento, ele não encarará esta porção da sua vida senão como encara a própria vida, um tempo a ter de ser ocupado, um ócio sem justificações.
Por isso esconde, até de si mesmo, a felicidade conjunta que encontrou e que vive. Quando a deixa despontar não é ainda tarde demais, mas há uma dramática lição para aquele homem que tanto atormentava a própria alma.
A trégua do título é o tempo que Deus lhe concede de alívio das dúvidas mundanas, um alívio que será por natureza breve e que confundirá aquele que o sente por se parecer demais com a verdadeira salvação, a eternidade feliz concedida antecipadamente.
A trégua não é a disponibilidade de tempo para aquilo que ele quiser. A trégua é o esquecimento da inexorável passagem desse tempo e das tragédias que se encontram na revisão do tempo que ficou para trás.
A Trégua é um livro absoluto, uma Alma traduzida em palavras e um pedaço de literatura brilhante.
A Trégua (Mario Benedetti)
Cavalo de Ferro
1ª edição - Abril de 2007
168 páginas
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