O O Caso das Mangas Explosivas chegou-me às mãos com alguma sorte e quando, finalmente, chegou a sua vez de ser lido, suponho que estava pronto para uma revelação de dimensão considerável embora, confesse, o livro tivesse falhado em despertar-me o interesse.
Mas não havendo crítica que não desse conta do magnífico que o livro é e tomando nota dos comentários tão ilustres e elogioso que alguém como Le Carré fez, haveriam de anunciar algo inesquecível.
Mas o hype faz mal a tudo, como aqueles que viram o filme com esse nome exacto bem saberão.
Aquilo que acabei por ler foi um curioso romance, inteligente na sua sátira aos medos e desejos dos ditadores que se munem do fanatismo religioso (mas de todos os ditadores em geral) para melhor controlar o seu país.
Há algo de perfeitamente burlesco na paranóia que esse ditador consegue impôr a si mesmo, baseando-se em todos os factores errados quando na verdade todos aqueles que o rodeiam realmente o tentam matar.
Há algo de perfeitamente nonsense na forma como um país vai lidando com os seus prisioneiros e os seus heróis, ao ritmo das vontades de cada novo líder e das suas pretensões (ou falta delas).
São boas ideias, onde a crítica velada tem os seus efeitos certeiros, com pormenores que extravasam a crítica da ideologia ditatorial para falar da de todos, como na crendice que rege o nosso General Zia, que abre o Corão à sorte para encontrar uma passagem que lhe sirva de "horóscopo para o dia" (é assim, aliás, que ele deduz que o querem matar).
Mas além dessa sátira há uma nuance dramática sobre a herança de um pai - militar que se suicidou - e o comportamento pessoal - amoroso, por exemplo - contra a conduta militar que parece um pouco fora de tom.
Hanif não joga as suas peças com igual desenvoltura e o romance parece perdido entre duas possibilidades.
É uma boa leitura mas insuficiente, seja culpa do hype ou não. Mas parece-me que foi a vontade de dar ao mundo uma visão caricatural das ditaduras e um conhecimento de uma literatura praticamente desconhecida que levou a que se gerasse tanto burburinho.
Mas não havendo crítica que não desse conta do magnífico que o livro é e tomando nota dos comentários tão ilustres e elogioso que alguém como Le Carré fez, haveriam de anunciar algo inesquecível.
Mas o hype faz mal a tudo, como aqueles que viram o filme com esse nome exacto bem saberão.
Aquilo que acabei por ler foi um curioso romance, inteligente na sua sátira aos medos e desejos dos ditadores que se munem do fanatismo religioso (mas de todos os ditadores em geral) para melhor controlar o seu país.
Há algo de perfeitamente burlesco na paranóia que esse ditador consegue impôr a si mesmo, baseando-se em todos os factores errados quando na verdade todos aqueles que o rodeiam realmente o tentam matar.
Há algo de perfeitamente nonsense na forma como um país vai lidando com os seus prisioneiros e os seus heróis, ao ritmo das vontades de cada novo líder e das suas pretensões (ou falta delas).
São boas ideias, onde a crítica velada tem os seus efeitos certeiros, com pormenores que extravasam a crítica da ideologia ditatorial para falar da de todos, como na crendice que rege o nosso General Zia, que abre o Corão à sorte para encontrar uma passagem que lhe sirva de "horóscopo para o dia" (é assim, aliás, que ele deduz que o querem matar).
Mas além dessa sátira há uma nuance dramática sobre a herança de um pai - militar que se suicidou - e o comportamento pessoal - amoroso, por exemplo - contra a conduta militar que parece um pouco fora de tom.
Hanif não joga as suas peças com igual desenvoltura e o romance parece perdido entre duas possibilidades.
É uma boa leitura mas insuficiente, seja culpa do hype ou não. Mas parece-me que foi a vontade de dar ao mundo uma visão caricatural das ditaduras e um conhecimento de uma literatura praticamente desconhecida que levou a que se gerasse tanto burburinho.
O caso das mangas explosivas (Mohammed Hanif)
Porto Editora
1ª Edição - Julho de 2009
336 páginas
Sem comentários:
Enviar um comentário