Não sou um leitor habitual de livros de viagens mas quem me conhece sabe que convivo há muito com uma obsessão - saudável e distanciada, descanso-vos desde já - pela prática do canibalismo, sobretudo com as suas implicações morais contemporâneas.
Por isso não pude resistir a ler este livro onde o aventureiro australiano, Paul Raffaele, procurava os últimos praticantes de tal rito.
Ao encontrar motivações tão distintas para o canibalismo, da manutenção das práticas tradicionais à sua utilização como forma de domínio pelo medo ou da superação das regras morais da sociedade à simples delícia gastronómica, o que Raffaele consegue é um retrato da complexidade das próprias crenças e valores que regem culturas (ou mesmo sub-culturas) bastante diferentes daquela em que vivemos.
Raffaele acaba por reflectir ele próprio sobre como tal acto se reflecte nele, mostrando alguma abertura de espírito à razão de alguns povos mantêm a prática do canibalismo, enquanto condena a barbárie cometida no Uganda contra as crianças.
É possível, a um ponto, discordar dele, não nestes dois casos inescapáveis, um perfeitamente injustificável, outro impossível de condenar, mas quando ele opina sobre os Santos canibais do Ganges. Mas, no geral, o que ele manifesta é uma concepção muito certeira da forma como a sociedade ocidental se confronta com estes diversos actos de canibalismo.
Além da discussão da formatação e diferenciação do pensamento, o prazer deste livro está, em grande parte, na forma como Raffaele consegue enriquecer o seu relato com informações histórias, geográficas ou sócio-políticas, sem deixar de vincar o relato de uma forma pessoal, quer opinativa, quer do relato das situações mais pessoais que viveu.
Por isso não pude resistir a ler este livro onde o aventureiro australiano, Paul Raffaele, procurava os últimos praticantes de tal rito.
Ao encontrar motivações tão distintas para o canibalismo, da manutenção das práticas tradicionais à sua utilização como forma de domínio pelo medo ou da superação das regras morais da sociedade à simples delícia gastronómica, o que Raffaele consegue é um retrato da complexidade das próprias crenças e valores que regem culturas (ou mesmo sub-culturas) bastante diferentes daquela em que vivemos.
Raffaele acaba por reflectir ele próprio sobre como tal acto se reflecte nele, mostrando alguma abertura de espírito à razão de alguns povos mantêm a prática do canibalismo, enquanto condena a barbárie cometida no Uganda contra as crianças.
É possível, a um ponto, discordar dele, não nestes dois casos inescapáveis, um perfeitamente injustificável, outro impossível de condenar, mas quando ele opina sobre os Santos canibais do Ganges. Mas, no geral, o que ele manifesta é uma concepção muito certeira da forma como a sociedade ocidental se confronta com estes diversos actos de canibalismo.
Além da discussão da formatação e diferenciação do pensamento, o prazer deste livro está, em grande parte, na forma como Raffaele consegue enriquecer o seu relato com informações histórias, geográficas ou sócio-políticas, sem deixar de vincar o relato de uma forma pessoal, quer opinativa, quer do relato das situações mais pessoais que viveu.
Entre os canibais (Paul Raffaele)
Publicações Europa-América
1ª edição - Abril de 2009
282 páginas
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