Ninguém está imune a sentir-se compelido à leitura de um livro por uma qualquer campanha de marketing ou evento especial.
Neste caso, tratou-se da adaptação ao Cinema da obra O Solista.
No entanto, ao inciar a leitura, deparei-me logo com um irritante sentimento de familiaridade que o próprio autor trata de confirmar ao fim de 40 páginas.
Essa familiaridade vem da génese desta obra, uma extensão de uma coluna jornalística sobre uma "figura caricata" encontrada nas ruas da cidade, algo que Joseph Mitchell fez de forma inovadora nas décadas de 1940 e 1960 com O Segredo de Joe Gould (cuja capa da edição portuguesa podem ver ao lad).
Esse sentimento prejudicou o apreço que poderia sentir por esta obra, já que tornou a comparação inevitável. E, como podem imaginar, essa comparação foi sempre desfavorável a esta mais recente leitura.
Não tanto pela qualidade do trabalho em si, mas pela direcção que ele leva.
O Solista fala de Nathaniel - o génio musical perdido na sua loucura - e torna-o no centro de uma narrativa que é, em muito, o relato das tribulações do próprio jornalista ao lidar com Nathaniel e com o tratamento que a cidade de Los Angeles tem para a doença mental e para os desalojados.
Pelo contrário, O Segredo de Joe Gould, era quase um romance centrado nas singularidades e nas vivências da sua personagem central, uma personagem tão intensa e curiosa que enchia páginas sobre si mesmo sem dificuldade, que interagiava e era apreciado por diversos dos artistas da sua época à conta da sua obra monumental que pretendia contar a história oral do mundo.
Além disso, tinha uma qualidade narrativa plena de inventividade que aproximava a disciplina jornalística (ou colunística, se preferirem) da ficção. Já O Solista está demasiado perto da simples reportagem, longa - e de prestígio, talvez - aberta a muitos temas mas que por ser tão abrangente perde o leitor que pretende desvendar o que sucede com o Solista do título e tem de receber uma miríade de informações a mais.
Neste caso, tratou-se da adaptação ao Cinema da obra O Solista.
No entanto, ao inciar a leitura, deparei-me logo com um irritante sentimento de familiaridade que o próprio autor trata de confirmar ao fim de 40 páginas.
Essa familiaridade vem da génese desta obra, uma extensão de uma coluna jornalística sobre uma "figura caricata" encontrada nas ruas da cidade, algo que Joseph Mitchell fez de forma inovadora nas décadas de 1940 e 1960 com O Segredo de Joe Gould (cuja capa da edição portuguesa podem ver ao lad).
Esse sentimento prejudicou o apreço que poderia sentir por esta obra, já que tornou a comparação inevitável. E, como podem imaginar, essa comparação foi sempre desfavorável a esta mais recente leitura.
Não tanto pela qualidade do trabalho em si, mas pela direcção que ele leva.
O Solista fala de Nathaniel - o génio musical perdido na sua loucura - e torna-o no centro de uma narrativa que é, em muito, o relato das tribulações do próprio jornalista ao lidar com Nathaniel e com o tratamento que a cidade de Los Angeles tem para a doença mental e para os desalojados.
Pelo contrário, O Segredo de Joe Gould, era quase um romance centrado nas singularidades e nas vivências da sua personagem central, uma personagem tão intensa e curiosa que enchia páginas sobre si mesmo sem dificuldade, que interagiava e era apreciado por diversos dos artistas da sua época à conta da sua obra monumental que pretendia contar a história oral do mundo.
Além disso, tinha uma qualidade narrativa plena de inventividade que aproximava a disciplina jornalística (ou colunística, se preferirem) da ficção. Já O Solista está demasiado perto da simples reportagem, longa - e de prestígio, talvez - aberta a muitos temas mas que por ser tão abrangente perde o leitor que pretende desvendar o que sucede com o Solista do título e tem de receber uma miríade de informações a mais.
O solista (Steve Lopez)
Estrela Polar
1ª Edição - Novembro de 2008
250 páginas
Ouch. Quando começamos a fazer comparações entre obras que lemos, nunca é bom. Pelo menos, para mim.
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