terça-feira, 28 de abril de 2009

Detestei-te

Foi curioso que logo após O dia em que matei o teu pai eu tenha encontrado outro livro que utiliza no seu enredo o acto da consulta psicológica de forma a desenvolver a personagem central.
Mas por comparação, enquanto no caso desse livro se dava uma verdadeira exploração da personagem, aqui o mecanismo parece mais servir como um manual de auto-ajuda camuflado num romance.
Mas essa sua sub-reptícia intenção, ainda assim, é um problema menor neste livro.
O seu maior problema é a "assustadora" (e cito uma amiga minha a quem mostrei o livro) qualidade da escrita que se revela logo nos parágrafos que abrem o livro e dos quais cito estes exemplos: Se um extraterrestre viesse à Terra ficaria apaixonado por esta paisagem, e qualquer plano para nos invadir seria eternamente adiado.; ou ainda ... a minha vida ter-se tornado num dvd que foi colocado em pausa. O problema é que perderam o comando e parece não haver maneira de voltar a colocá-lo em PLAY.
A oca essência destas metáforas, tão facilmente desmontáveis, é risível. E a inclusão do "PLAY" em letras maiúsculas (então e o "dvd"?) só acentua mais esse efeito.

Não sei se será de uma conjugação que o curso que tiraram proporcia, mas trata-se do segundo romance de que desisto em pouquíssimo tempo perante a atrocidade modernista destes novos escritores, formados em Comunicação Empresarial.
Não cheguei a saber o que se passou em Copacabana pois o romance ainda não havia descolado de Lisboa quando o pousei.
E, sinceramente, nem me interessa!


















Amei-te em Copacabana (Francisco Salgueiro)
Oficina do Livro
1ª Edição - de 200
páginas

3 comentários:

  1. I take my hat off to ya.
    Esta é, até à data, a tua melhor crítica.
    Risível, porque me fez rir, porque é acutilante, directa, sem preâmbulos nem rodeios.
    Excelente, o apontamento acerca dos escritores formados em comunicação empresarial, com o devido respeito a essa forma de comunicar.

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  2. sempre gostei de críticos que criticam sem terem chegado ao fim. força na escrita. abraço, Francisco Salgueiro
    PS- O que é uma metáfora desmontável? É da família dos Transformers?

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  3. Olha outro livro criticado que o crítico autor do blog não leu, engraçado...:)

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