Atira-se à moralidade das aparências do tempo que descreve sem restrições.
Ficcionando a vida do esquecido marido da amante favorita de Luís XIV - cuja elogiada beleza loira poderão ver na pintura que dela fizeram (o autor permanece desconhecido) -, vasculha a podridão do luxo da corte de Versalhes .
Não há aqui embelezamentos de oca grandiosidade, nem a forma "chique" de um propalado choque - de mentalidades, comportamentos ou revelações.
Aqui lida-se com a secura do relato sincero e, por isso brutal.
As aparências são arrancadas e reduzidas à sua realidade mais comum que tenderíamos sempre a rejeitar.
Acabam-se aqui as convenções.
E que bom é ler um romance histórico assim tão refrescado pela ironia!
Felizmente que Montespan não é apenas (mesmo que já fosse tanto) este efeito.
Aqui fala-se de um homem tão patético quanto admirável no seu amor grandioso e honesto entre um mundo tão mirrado.
Estoicamente ele lutou pelo seu amor, com as mais escabrosas e inusitadas armas que o destino lhe deu.
Seria mais fácil e proveitoso que ele se rendesse, mas a rendição era a única possibilidade que ele não encarava.
Como um louco atravessou a vida, desafiantemente "cornudo" bem na frente do rei.
Montespan é um Dom Quixote do lado errado da vida, incapaz de imaginar os seus próprios monstros.
Os seus são mais reais e muito menos admiráveis.
Ele tem de lutar com o monstro que tudo pode mas que atrás de si deixa apenas um rasto de sémen e merda - muito literalmente, posso garantir!
Montespan, o homem, é admirável e ridículo, já o disse.
Até ao último sacrifício por amor ele consegue fazer-nos querer rir dele, somente para nos rendermos a ele numa derradeira vénia.
Jean Teulé escreve-lhe a vida com eloquência, mas com ironia e desapego.
Faz da escrita um ponto de desarme de efeitos exteriores para que nos centremos na força desta história.
Por isso é que Montespan é um romance essencial!
Aqui lida-se com a secura do relato sincero e, por isso brutal.
As aparências são arrancadas e reduzidas à sua realidade mais comum que tenderíamos sempre a rejeitar.
Acabam-se aqui as convenções.
E que bom é ler um romance histórico assim tão refrescado pela ironia!
Felizmente que Montespan não é apenas (mesmo que já fosse tanto) este efeito.
Aqui fala-se de um homem tão patético quanto admirável no seu amor grandioso e honesto entre um mundo tão mirrado.
Estoicamente ele lutou pelo seu amor, com as mais escabrosas e inusitadas armas que o destino lhe deu.
Seria mais fácil e proveitoso que ele se rendesse, mas a rendição era a única possibilidade que ele não encarava.
Como um louco atravessou a vida, desafiantemente "cornudo" bem na frente do rei.
Montespan é um Dom Quixote do lado errado da vida, incapaz de imaginar os seus próprios monstros.
Os seus são mais reais e muito menos admiráveis.
Ele tem de lutar com o monstro que tudo pode mas que atrás de si deixa apenas um rasto de sémen e merda - muito literalmente, posso garantir!
Montespan, o homem, é admirável e ridículo, já o disse.
Até ao último sacrifício por amor ele consegue fazer-nos querer rir dele, somente para nos rendermos a ele numa derradeira vénia.
Jean Teulé escreve-lhe a vida com eloquência, mas com ironia e desapego.
Faz da escrita um ponto de desarme de efeitos exteriores para que nos centremos na força desta história.
Por isso é que Montespan é um romance essencial!
Montespan (Jean Teulé)
Guerra e Paz
1ª Edição - Março de 2009
320 páginas
Admirável é o texto, a análise, a crítica a um livro tão complexo e rico em leitura. Por isso é que a leitura deste blogue é essencial!
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