Bunny Munro vive numa escalada de sexo e álcool com tempo contado, como ele próprio anuncia logo a abrir, "Estou lixado".
Mas este não é um prenúncio. Ele sente que a morte se aproxima, sim, mas o "lixado" já é uma condição que ele finalmente compreendeu.
Compreendeu mas não consegue evitar, aquela demente fixação por vaginas e o grau de destruição para o qual consegue arrastar-se a si próprio.
Nem mesmo a pequena âncora de sanidade e admiração que segue com ele no banco do passageiro serve de grande coisa.
Depois do suicídio da mulher que ele tanto ignorava, o filho bem lhe defende todos os vícios com um certo carinho inocente, mas Bunny parece determinado em tornar o filho numa versão sua.
Uma versão de si, que poderá bem ser uma versão do seu pai. Bunny Sénior, Bunny e Bunny Jr. Cadeia infindável, condenação ou castigo?
Não se tente resistir pela lucidez no interior desta viagem, não vale a pena porque o devaneio se impõe à realidade de Bunny, iludindo o próprio leitor até que já esteja bem afundado nele. Não se passa de um ao outro como quem cruza a fronteira, antes como quem se perde num matagal.
No final, quando finalmente chega a anunciada morte de Bunny Munro, estamos quase tão à deriva como o protagonista.
Fica-nos mais do que o humor negro da misoginia tresloucada de Bunny, fica-nos também a emoção bruta que a misoginia quer cobrir como um manto perpétuo.
E afinal não paramos de nos interrogar, a morte de Bunny foi a prova do resto da humanidade que ele tinha ou o único resultado possível para tudo aquilo a que ele se foi sujeitando, foi o único acto possível para com o seu filho ou o rebentar de toda a carga emocional que o seu pai lhe causa, foi sacrifício ou loucura?
Eis então a vida possível de Bunny Munro, um espectáculo com tempo contado. Sem bilhete de entrada mas com alto preço no final!
Mas este não é um prenúncio. Ele sente que a morte se aproxima, sim, mas o "lixado" já é uma condição que ele finalmente compreendeu.
Compreendeu mas não consegue evitar, aquela demente fixação por vaginas e o grau de destruição para o qual consegue arrastar-se a si próprio.
Nem mesmo a pequena âncora de sanidade e admiração que segue com ele no banco do passageiro serve de grande coisa.
Depois do suicídio da mulher que ele tanto ignorava, o filho bem lhe defende todos os vícios com um certo carinho inocente, mas Bunny parece determinado em tornar o filho numa versão sua.
Uma versão de si, que poderá bem ser uma versão do seu pai. Bunny Sénior, Bunny e Bunny Jr. Cadeia infindável, condenação ou castigo?
Não se tente resistir pela lucidez no interior desta viagem, não vale a pena porque o devaneio se impõe à realidade de Bunny, iludindo o próprio leitor até que já esteja bem afundado nele. Não se passa de um ao outro como quem cruza a fronteira, antes como quem se perde num matagal.
No final, quando finalmente chega a anunciada morte de Bunny Munro, estamos quase tão à deriva como o protagonista.
Fica-nos mais do que o humor negro da misoginia tresloucada de Bunny, fica-nos também a emoção bruta que a misoginia quer cobrir como um manto perpétuo.
E afinal não paramos de nos interrogar, a morte de Bunny foi a prova do resto da humanidade que ele tinha ou o único resultado possível para tudo aquilo a que ele se foi sujeitando, foi o único acto possível para com o seu filho ou o rebentar de toda a carga emocional que o seu pai lhe causa, foi sacrifício ou loucura?
Eis então a vida possível de Bunny Munro, um espectáculo com tempo contado. Sem bilhete de entrada mas com alto preço no final!
A morte de Bunny Munro (Nick Cave)
Alfaguara / Editora Objectiva
2ª edição - Novembro de 2009
296 páginas
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