domingo, 5 de abril de 2009

Penas da tartaruga


José Jorge Letria apressou-se a deixar a sua marca entre as comemorações das efemérides Darwinianas deste ano de 2009.
Henriqueta, a tartaruga de Darwin é um livro que documenta de forma simples o que foi a vida de Darwin. E que complementa isso mesmo com uma reflexão sobre como o valor da vida e da evolução não se alteraram apesar do trabalho de Darwin.
É um livro eficaz, informativo e que, por ser uma história imaginada, tem uma vontade de dizer aos leitores que todas as possibilidades da imaginação são possíveis e recomendáveis.
Este último sentido de leitura do texto é exposto num último capítulo que destoa perante o resto.
Sobretudo porque essa última indicação faria mais sentido num livro de direito próprio (como o foi em Letras e Letrias, também de José Jorge Letria) e não num livro que pretende ser de uma natureza mais sóbria e cujo conteúdo é, à parte da invenção do próprio narrador, concreto.

Ao texto de José Jorge Letria junta-se o trabalho de Afonso Cruz que, mesmo com a sua qualidade quase táctil e do interessante efeito de envelhecimento das imagens, não tem mais do que um sentido ilustrativo do texto.
O jogo entre palavras e imagens sai empobrecido, o que é uma verdadeira pena, sobretudo se passarmos os olhos por outras colaborações que estes dois autores já produziram anteriormente.

No conjunto, é um livro bem menos interessante do que esperaria, didáctico mas não propriamente lúdico - algo que a sobriedade pouco cativante da capa reflecte bem.
Uma pena, mais uma vez.















Henriqueta, a tartaruga de Darwin (José Jorge Letria e Afonso Cruz)
Texto Editora
1ª Edição - Fevereiro de 2009
32 páginas

1 comentário:

  1. Bem analisado e, mais uma vez, a não descurar, e passo a citar, "o jogo entre palavras e imagens".

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