quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Para se deixar levar

Ao ler este livro, é preciso saber deixar-se levar pela sua linguagem.
É preciso permitir ser-se arrastado e hipnotizado por este poema em prosa, que ora é extático ora é sofrido.
A história contada em qualquer outra forma não ocuparia mais do que uma única páginas. Bastaria uma composição de escola para explicar o amor desgostoso e impossível de que Elizabeth Smart nos fala.
Mas esse seu amor - este é um relato autobiográfico - dá-lhe o poder de reinventar cada momento da sua memória numa beleza torrencial da linguagem.
Linguagem que expressa a concepção do mundo que esta mulher tem, uma concepção absolutamente subjectiva em que os grandes problemas que a circundam só interessam quando afectam o seu amor directamente.
A sua emoção jorra profundamente sobre a sua linguagem, o mundo dela é feito daquelas palavras e daquela fixação amorosa.
Não sei se será uma obra-prima do género como assinalam, mas sei que é um pequeno e belo livro que precisa realmente que o leitor se entregue a ele.

Já agora, é contraproducente ler o prefácio da tradutora.
Além das informações biográficas sobre Elizabeth Smart que ajudam a contextualizar a história que se segue, está também cheio de considerações intelectuais sobre o texto que condicionam as expectativas do leitor.
Depois de lido o prefácio é difícil largar a tendência para tentar captar as "collages" e, realmente, deixar-se levar pelo texto.


















Junto à Grand Central Station sentei-me e chorei (Elizabeth Smart)
Teorema
Sem indicação da edição - Abril de 1997
124 páginas

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