Em A Pesca do Salmão do Iémen temos muitas formas de informação a surgir entrecaladas na narrativa.
São notícias, emails, excertos de uma biografia, a transcrição de interrogatórios, diários vasculhados...
São formas distintas de olhar os acontecimentos, cada qual correspondendo a uma perspectiva encoberta.
Cada qual revelando a falsidade do comportamento de uns e de outros, dos políticos, dos cientistas, dos jornalistas, dos terroristas, dos poderosos.
Cada um destes tem um interesse próprio n'A Pesca do Salmão do Iémen, um projecto que só pretende apagar as diferenças entre os homens, fazer desaparecer os seus sedentos interesses.
Com as pernas mergulhadas no rio, a cana expectante pela mordidela do salmão, todos os homens são iguais seja qual for a sua classe, homens feitos de esperança pela boa fortuna da pescaria.
É um projecto megalómano, quase imposível, mas pelo qual há um trio de personagens que luta.
Personagens que pelo meio da ridícula hipocrisia generalizada continuam a lutar por uma crença, por um milagre, por um feito assinalável.
Eles lutam, sempre com a consciência de que a sua recompensa pode ser somente o desapontamento, pode ser somente um culpabilizante apontar de dedo.
Não importa que o empreendimento tenha tido sucesso, pois só a desgraça alimenta a informação, verdadeiramente.
Não importa que os homens tenham concretizado o milagre sonhado, pois só o que pequeno pormenor que lhes escapou fica para ser contado.
Não importa que as suas intenções sejam as mais belas, pois só o cínico olhar dos restantes terá espaço na memória colectiva.
É o retrato do nosso mundo, uma cruel sanguessuga sem consideração por aqueles que ainda lutam.
Que no meio destas tribulações o milagre tenha podido ter o seu lugar, que no meio deste lugar uma preciosa e delicada história de amor tenha podido nascer, só nos leva a uma conclusão: já não podemos apreciar a Humanidade, mas temos ainda de nos comover com alguns dos seus singulares indivíduos.
A comédia deste livro está para lá da sátira (política, social, económica), é a comédia da cada vez mais trágica Humanidade. E essa, talvez não faça rir tantos assim!
Não podia acabar sem deixar uma nota de elevado apreço pela magnífica composição da capa.
O padrão em relevo que atravessa o salmão é um prazer de sentir na pele enquanto seguramos o livro aberto para o ler.
E mesmo antes de ler as primeiras palavras, já estava desejoso de ler o livro que possui tão atraente capa!
São notícias, emails, excertos de uma biografia, a transcrição de interrogatórios, diários vasculhados...
São formas distintas de olhar os acontecimentos, cada qual correspondendo a uma perspectiva encoberta.
Cada qual revelando a falsidade do comportamento de uns e de outros, dos políticos, dos cientistas, dos jornalistas, dos terroristas, dos poderosos.
Cada um destes tem um interesse próprio n'A Pesca do Salmão do Iémen, um projecto que só pretende apagar as diferenças entre os homens, fazer desaparecer os seus sedentos interesses.
Com as pernas mergulhadas no rio, a cana expectante pela mordidela do salmão, todos os homens são iguais seja qual for a sua classe, homens feitos de esperança pela boa fortuna da pescaria.
É um projecto megalómano, quase imposível, mas pelo qual há um trio de personagens que luta.
Personagens que pelo meio da ridícula hipocrisia generalizada continuam a lutar por uma crença, por um milagre, por um feito assinalável.
Eles lutam, sempre com a consciência de que a sua recompensa pode ser somente o desapontamento, pode ser somente um culpabilizante apontar de dedo.
Não importa que o empreendimento tenha tido sucesso, pois só a desgraça alimenta a informação, verdadeiramente.
Não importa que os homens tenham concretizado o milagre sonhado, pois só o que pequeno pormenor que lhes escapou fica para ser contado.
Não importa que as suas intenções sejam as mais belas, pois só o cínico olhar dos restantes terá espaço na memória colectiva.
É o retrato do nosso mundo, uma cruel sanguessuga sem consideração por aqueles que ainda lutam.
Que no meio destas tribulações o milagre tenha podido ter o seu lugar, que no meio deste lugar uma preciosa e delicada história de amor tenha podido nascer, só nos leva a uma conclusão: já não podemos apreciar a Humanidade, mas temos ainda de nos comover com alguns dos seus singulares indivíduos.
A comédia deste livro está para lá da sátira (política, social, económica), é a comédia da cada vez mais trágica Humanidade. E essa, talvez não faça rir tantos assim!
Não podia acabar sem deixar uma nota de elevado apreço pela magnífica composição da capa.
O padrão em relevo que atravessa o salmão é um prazer de sentir na pele enquanto seguramos o livro aberto para o ler.
E mesmo antes de ler as primeiras palavras, já estava desejoso de ler o livro que possui tão atraente capa!
A pesca do salmão no Iémen (Paul Torday)
Edições Asa
1ª edição - Agosto de 2009
288 páginas
Que, para mim, habituada a ler várias críticas literárias, surja a vontade de ler o livro de Paul Torday, não é milagre; é, antes, a surpresa provocada pela descoberta de um tezto que me desperta a curiosidade, a vontade de conhecer a obra, nascida da leitura de uma análise muito bem elaborada, intricada mas, ao mesmo tempo, nítida, do livro.
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