A pessoa que me emprestou o livro disse-me que o tinha escolhida com a intenção de o usar como amostra para decidir se compraria a obra mais conhecida do autor, O Carteiro de Pablo Neruda.
Com base neste livro, dir-lhe-ia para optar por não comprar o outro livro com receio de que o resultado seja similar ao deste caso.
Verdade que esta novela - que, honestamente, julgo estar mais próxima do conto - tem belas ideias e uma apetecível escrita suave.
Tais ideias são as surpresas do próprio texto e que acabam por tornar o título mais evidente.
Em muitos outros aspectos esta narrativa vai buscar a inspiração ao livro mais conhecido do autor (ou pelo menos à ideia que faço dele a partir do filme) sobretudo no mistério silencioso do apadrinhamento masculino e relutante entre uma figura que quer uma ligação e outra que a pretende afastar.
Em oposição, livro tem também uma nítida sensação de incompletude e uma falta de horizontes sobre o que fazer com as tais ideias.
Isso deixa-nos mais expectantes do que satisfeitos com a leitura, pois da aldeia do texto há quem fuja para a cidade ao lado sem se preocupar em ser encontrado.
Uma cidade à distância de uma estação de comboio ou Paris servem da mesma forma para uma fuga de quem se quer perder das vidas dos que ficam na aldeia.
A aldeia é o fim do mundo, o fim das expectativas, o fim das interrogações.
Disto queria ler mais, desta aldeia em que não se passa nada, a não ser duas belas irmãs que são barris de pólvora à solta e que ligam pai e filho de forma mais evidente do que se esperaria, destas vidas que só sonham com a eventualidade da partida enquanto se resignam com ficar.
Resumindo, a história de amadurecimento do protagonista tem os seus momentos simpáticos, mas nada mais do que isso.
Sendo que a leitura do livro não leva mais do que meia hora não me parece mal passar os olhos por estas páginas. Já o outro, maior, exigiria um tempo desapontado.
Um Pai de Filme (Antonio Skármeta)
Teorema
1ª edição - Setembro de 2010
88 páginas
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