domingo, 17 de outubro de 2010

Veneza sem tempo

Fotografia de Veneza tirada por quem escreve

A leitura deste livro não seria nunca negligenciada mas a viagem à cidade promoveu a antecipação da atenção que lhe iria dedicar.
Veneza é como a própria cidade, um rumo óbvio e central que toma gosto em perder-se pelas ruelas mais apertadas de informação.
Os traços latos da História e do povo da cidade são como o Grande Canal que todos atravessam. Mas a historietas, os pormenores em que o livro depois se alonga, são como as ruelas que primeiro surgem labirínticas mas depois se tornam em traços bem vincados da memória de como se atravessa o coração da cidade.
Essas ruelas são a verdadeira personalidade de Veneza/Veneza pois o Canal torna-se numa mera via de trânsito depois de o atravessarmos a primeira vez mas as ruelas são quase infinitas nas descobertas que encerram até as conhecermos todas.
A dedicação do livro à sua cidade demonstra que não é feito para o visitante ocasional. Para contemplar toda a sua informação é necessário viver na cidade o tempo suficiente para lhe sermos devotos por inteiro.
Só que o prazer da leitura dá uma perspectiva extraordinária da cidade, uma perspectiva que faz olhar para a cidade com mais atenção, que faz viver a cidade melhor quando não estamos lá e que, com alguma crueldade, deixa saudade de tudo aquilo que a Veneza do livro tinha para mostrar e a Veneza do nosso tempo de viagem não permitiu ver.


















Veneza (Jan Morris)
Tinta da China
2ª edição - Maio de 2010
440 páginas

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