Ardabiola é o nome de uma planta capaz de curar o cancro.
Há um breve assomo de ficção científica em Ardabiola, mas do que verdadeiramente trata é do valor do ser humano.
O criador de Ardabiola vive na dúvida de qual é o seu verdadeiro valor.
Ele pergunta-se "Serei eu a pessoa mais importante do mundo?", assim, sem mais nem menos.
Afinal ele descobriu a cura do cancro.
Mas as pessoas que lhe atravessam o caminho, ironica e, por vezes, mesmo burlescamente, aumentam-lhe as dúvidas.
A rapariga que ele aborda no eléctrico, pergunta-lhe se ele conseguirá travar a guerra e os efeitos da bomba.
O pequeno rapaz de quem ele terá de tomar conta para ir ao funeral do pai tem subitamente, na casa de banho do avião, a maior missão do mundo, a de conseguir cagar na sanita pela primeira vez.
E os três jovens que o assaltam dão à sua vida o valor dos jeans com que querem ficar.
O que aqui se interroga é o valor intrínseco e extrínseco de uma pessoa.
Na visão global, será a sua cura importante se o mundo for destruído?
O seu valor real aos olhos dos outros não é maior do que o da necessidade fisiológica mais primária ou do que o desejo irracional.
Só um (grandioso) poeta poderia ter interrogado assim o leitor, de forma tão irónica e despojada, sobre o sentido da vida ao mesmo tempo que constitui um subtil retrato da Rússia de 1984 que pode, quase literalmente, ser transposto ao tempo presente.
Em nota final, não posso deixar de recomendar que procurem encontrar (com um amigo ou um alfarrabista) o livro - com disco de vinil - Ievtuchenko em Lisboa, que faz transcrição do brilhante recital que deu em 1967 no nosso país.
Como para isso acontecer será preciso uma boa dose de sorte, passem pelo blog Canal de Poesia para lerem um dos seus poemas.
Há um breve assomo de ficção científica em Ardabiola, mas do que verdadeiramente trata é do valor do ser humano.
O criador de Ardabiola vive na dúvida de qual é o seu verdadeiro valor.
Ele pergunta-se "Serei eu a pessoa mais importante do mundo?", assim, sem mais nem menos.
Afinal ele descobriu a cura do cancro.
Mas as pessoas que lhe atravessam o caminho, ironica e, por vezes, mesmo burlescamente, aumentam-lhe as dúvidas.
A rapariga que ele aborda no eléctrico, pergunta-lhe se ele conseguirá travar a guerra e os efeitos da bomba.
O pequeno rapaz de quem ele terá de tomar conta para ir ao funeral do pai tem subitamente, na casa de banho do avião, a maior missão do mundo, a de conseguir cagar na sanita pela primeira vez.
E os três jovens que o assaltam dão à sua vida o valor dos jeans com que querem ficar.
O que aqui se interroga é o valor intrínseco e extrínseco de uma pessoa.
Na visão global, será a sua cura importante se o mundo for destruído?
O seu valor real aos olhos dos outros não é maior do que o da necessidade fisiológica mais primária ou do que o desejo irracional.
Só um (grandioso) poeta poderia ter interrogado assim o leitor, de forma tão irónica e despojada, sobre o sentido da vida ao mesmo tempo que constitui um subtil retrato da Rússia de 1984 que pode, quase literalmente, ser transposto ao tempo presente.
Em nota final, não posso deixar de recomendar que procurem encontrar (com um amigo ou um alfarrabista) o livro - com disco de vinil - Ievtuchenko em Lisboa, que faz transcrição do brilhante recital que deu em 1967 no nosso país.
Como para isso acontecer será preciso uma boa dose de sorte, passem pelo blog Canal de Poesia para lerem um dos seus poemas.
Ardabiola (Ievgueni Ievtuchenko)
Difusão Cultural
1ª Edição - Janeiro de 1990
144 páginas
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