Expressar o Belo e o Absurdo num único pensamento é o acerto mais profundo que a mente humana pode alcançar.
O homem - que não foi só um homem mas um pensador essencial e irrepetível - que encontrava o absurdo com sobriedade só se pode ter sentido elevado para lá dos que o rodeavam.
O homem disposto a pensar o mundo, para si só mas partilhando com quem passa não é soberbo, apenas um homem repleto que precisa de se expressar para continuar a pensar.
Jules Renard, o personagem, tem como único interlocutor um corvo, a quem ensina tudo o que cria com o entendimento. Como se estivesse a deixar ao mundo um agoiro que baterá à janela de quem não souber olhar de mote próprio o que ele disse e sobre o que o disse.
Mas a tudo o que regista no seu diário ele acrescenta o tom irónico - e, sem dúvida, divertido - de quem pode ser sever porque guardou um resto de encanto no meio do desgosto.
O desenho com que Fred "lê" o diário são estilizados, de tal forma que são simples mas cheios, plenos, fortes.
O desenho cria um mundo mágico que dá corpo aos pensamentos, que os abriga e os faz perdurar.
Trata-se de um toque de protecção e carinho, de entendimento e encorajamento de um artista para com as ideias de um outro.
Como eles ecoam melhor em nós quando são interpretados pelo talento de outro criador.
Imagens irresistivelmente retiradas deste blog.
O Diário de Jules Renard lido por Fred (Fred)
Bertrand Editora
Sem indicação da edição - Outubro de 1989
140 páginas
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