domingo, 21 de setembro de 2014

Para ecologistas e leitores

Com A Sexta Extinção, mais do que divulgação científica, estamos perante um livro de alerta científico que faz falta a todo o tipo de leitores (tal como faria aos não-leitores).
A leitura acerca daquilo a que estamos a condenar o nosso mundo - e a nós mesmos, obviamente - é essencial para todos aqueles que ainda possam crer que se pode mudar o rumo que se leva.
Mesmo se é mais essencial ainda para que todos aqueles que não têm nem formação científica nem (aparente) interesse pelo tema possam compreender como é fácil toda uma espécie desaparecer no tempo de uma vida humana e extrapolar essa conclusão para os seres humanos.
A sua simplicidade de explicações - que não descura a precisão científica - torna a leitura tão agradável quanto é informativa.
Acresce a isso a dedicação de cada capítulo a uma espécie distinta, tornando-os curtos e independentes, algo benéfico para gerir a leitura.
Para quem não esteja interessado em todas as espécies abordadas poderá optar por deixá-las para o final ou abandoná-los por completo que os principais fundamentos que deve obter do livro não serão prejudicados.
Para quem esteja interessado em consolidar o conhecimento dos dados e da bibliografia que acompanham os livros pode fazê-lo ao fim de cada capítulo e microgerir a sua leitura para aprofundá-la.
Nada disto é, no entanto, o essencial para que o livro seja capaz de seduzir leitores do mais variado. Isso vem de uma escrita nascida do jornalismo e que sabe oferecer uma quantidade de géneros diferentes, se assim os quisermos entender.
Elizabeth Kolbert foi investigar cada desaparecimento de espécies - pelo menos aqueles que aconteceram num período mais recente e passível de ter sido testemunhado - no local onde estes estavam a ocorrrer.
Acompanhando os cientistas que têm vindo a estudar essas espécies em específico, ela faz mais do que o registo de números e factos concretos, ela é capaz de dar um testemunho abrangente que desvenda algum do progresso do pensamento científico - tanto com avanços como com recuos - ao longo dos séculos e também algum dos seus desenvolvimentos mais recentes.
Lições de História da Ciência que são complemento essencial a tudo o resto que o livro tem para dar.
Sendo ainda do espírito do jornalismo literário que vem o género que realmente faz a diferença, com cada viagem que a autora faz acompanhando os cientistas locais a surgirem como relatos de aventuras excitantes para todos os novatos que vão à descoberta (pelo livro) tal como ela foi.
As suas descrições emocionadas da beleza das zonas de corais ou do acasalamento de uma espécie de cocolitóforo fazem lembrar os ,motivos pelos quais nos apaixonávamos pelos livros e aventuras quando éramos leitores iniciados.
Como leitor e como ser humano consciente do mundo que o rodeia só posso afirmar que este é um livro a merecer ser lido.


A Sexta Extinção (Elizabeth Kolbert)
Vogais
1ª edição - Junho de 2014
416 páginas

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