As vidas que antes, durante e após o 25 de Abril fizeram Portugal estão muitas vezes por contar.
Os títulos que os jornais recordam e as memórias colectivas não fazem a totalidade da História, pois cada história individual é mais preciosa aos que viveram o período do que as ideias genéricas, por mais importantes que sejam.
Os relatos individuais, mais repletos de lirismo e de tontices, formam uma história mais peculiar da realidade das décadas da segunda metade do século XX.
Mais peculiar e, a certo ponto, mais honesta, onde os erros e as opções afectam a realidade particular daqueles que traçam o retrato mais comum do povo português.
A normalidade é a associação dos grandes momentos de um país aos pequenos momentos de uma pessoa.
A importância dos pequenos eventos é maior do que a dos grandes, não só porque traçam uma história mais sentida a cada indivíduo, mas porque é através deles que alguém pode partilhar o que representaram os cabeçalhos de jornal que de ano a ano retomam no aniversário do 25 de Abril.
Os títulos de jornais só contam uma história limitada, importante para passar a idealogia e a importância do que sucedeu, mas que muitas vezes não passam a emoção dos tempos a quem não esteve lá.
Filomena Marona Beja escreve precisamente o oposto, as histórias individuais que nos tocam como se fossem nossas e que acabam por retratar mais a fundo a realidade que, pela distância temporal, não poderíamos conhecer bem até aqui.
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