Há altos e baixos neste conjunto de contos de Miguel Almeida.
Alguns dos contos não passam de elaborações desnecessárias em torno de anedotas - e o título "Piadinha a preço justo" denuncia-se bem - que já Juca Chaves contava há várias décadas atrás com verdadeira irreverência.
Outros, pelo contrário, são pequenos momentos de perspicácia, como o tríptico em torno de Eduardo Censor que questiona não só o que é a pornografia mas também o nível pornográfico a que chega o fanatismo daqueles - muitas vezes ditos sóbrios intelectuais - que se batem pela Arte e contra a Censura.
Felizmente são mais os contos que se enquadram no segundo caso e menos os que se ficam pelo primeiro caso (quase todos, iniciais, quer no livro quer no tempo de escrita).
Miguel Almeida vai com este livros questionando as ideias convencionais e instituídas sobre a sexualidade e a moralidade local, não poucas vezes indissociáveis.
Seja o confronto da obsessão masculina pela performance com os lugares-comuns de atitude para o trabalho na pornografia ("Quem quer e pode ser uma estrela porno?") ou o encandeamento que as liberdades individuais muitas vezes falham em ter para com a visão da mulher e da sua sexualidade na sociedade ("Orgasmos mal comportados"), não deve haver dúvidas que Miguel Almeida lança reptos para discussão de forma dissimulada e inteligente, cativante mesmo.
Fá-lo como um jogo, lançando discretamente as bases de reflexão como se o seu público fosse ainda infantil no que toca a estes assuntos. Mas aqui essa atitude não vai mal, pois permite que ninguém tenha de admitir as suas debilidades nestas áreas.
Esse jogo vê-se logo na escolha dos nomes, Eduardo Censor é censor, Francisco Manso é "corno" e deixo para adivinharem o que se passa com Ana Brígida.
O sexo e a moral podem ser divertidos e andar sempre juntos. Se calhar já era altura de alguém o ensinar de forma generalizada.
Alguns dos contos não passam de elaborações desnecessárias em torno de anedotas - e o título "Piadinha a preço justo" denuncia-se bem - que já Juca Chaves contava há várias décadas atrás com verdadeira irreverência.
Outros, pelo contrário, são pequenos momentos de perspicácia, como o tríptico em torno de Eduardo Censor que questiona não só o que é a pornografia mas também o nível pornográfico a que chega o fanatismo daqueles - muitas vezes ditos sóbrios intelectuais - que se batem pela Arte e contra a Censura.
Felizmente são mais os contos que se enquadram no segundo caso e menos os que se ficam pelo primeiro caso (quase todos, iniciais, quer no livro quer no tempo de escrita).
Miguel Almeida vai com este livros questionando as ideias convencionais e instituídas sobre a sexualidade e a moralidade local, não poucas vezes indissociáveis.
Seja o confronto da obsessão masculina pela performance com os lugares-comuns de atitude para o trabalho na pornografia ("Quem quer e pode ser uma estrela porno?") ou o encandeamento que as liberdades individuais muitas vezes falham em ter para com a visão da mulher e da sua sexualidade na sociedade ("Orgasmos mal comportados"), não deve haver dúvidas que Miguel Almeida lança reptos para discussão de forma dissimulada e inteligente, cativante mesmo.
Fá-lo como um jogo, lançando discretamente as bases de reflexão como se o seu público fosse ainda infantil no que toca a estes assuntos. Mas aqui essa atitude não vai mal, pois permite que ninguém tenha de admitir as suas debilidades nestas áreas.
Esse jogo vê-se logo na escolha dos nomes, Eduardo Censor é censor, Francisco Manso é "corno" e deixo para adivinharem o que se passa com Ana Brígida.
O sexo e a moral podem ser divertidos e andar sempre juntos. Se calhar já era altura de alguém o ensinar de forma generalizada.
A cirurgia do prazer (Miguel Almeida)
Esfera do Caos
1ª edição - Abril de 2010
192 páginas
Olá, Como autor fico bastante satisfeito com a crítica que faz do meu livro. Penso que a distinção entre a qualidade dos vários contos é justa. Felizmente, o balanço no final é favorável. Mais uma vez como autor, o meu maior desejo é que os meus leitores tenham tanto prazer ao ler o meu livro quanto aquele que eu tive ao fazê-lo.
ResponderEliminarPs. podia corrigir no meio do texto Miguel Real: é Miguel Almeida.