A Sala de Vidro foi construída apontada à modernidade, a imensidão entrando no espaço que o corpo humano ocupa, simples mas aberta a tudo o que a rodeia.
A Sala de Vidro pretende acolher e proporcionar o infinito a quem nela habita, mas como todas as construções, é um espaço limitado.
A Sala de Vidro tem, portanto, como todas as casas, de conter as vidas no seu interior, ainda que as faça olhar o Mundo como a sua casa, ela serve como exibição daquelas vidas.
A sua modernidade termina onde a essência descarnada do conceito de "casa" acaba e, por isso...
Pensada como habitação familiar acaba por se tornar num laboratório ao serviço do Nazismo.
Pensada como espaço para a expressão do talento humano acaba por se tornar num ginásio para crianças com dificuldades motoras.
Pensada como revolução arquitectónica de futuro acaba por se tornar num museu daquilo que outrora foi.
A Sala de Vidro nasce para ser o absoluto tornado construção mas parece estar sempre a conter o que a rodeia, a tornar-se numa estagnação da realidade, não só ao nível da sua função global, mas também da função particular - uma casa cujos donos prometiam ser uma casa despida de segredos e que depois se torna o palco de traições e casos amorosos escondidos.
A Sala de Vidro tem todas as possibilidades de futuro inscritas em si, mas serve depois como ferramenta de um retrógrado pensamento.
A Sala de Vidro é atacada pela incompreensão tal como é amada pela sua singularidade. Trata-se de uma obra de arte fustigada pela existência humana mas que, de uma forma ou de outra, lhe sobrevive.
A Sala de Vidro torna-se assim no símbolo mais preciso de um século XX em que a discrepância entre o avanço tecnológico e o retrocesso humano estiveram sempre de mãos dadas; o símbolo de um país que se perdeu, de forma sistemática, nas mãos dos que não sabiam valorizar o que esse país lhes apresentava de moderno.
A Sala de Vidro é o local periclitante, onde o vidro promete tudo o que dela se alcança mas também ameaça ruir com facilidade.
A Sala de Vidro pretende acolher e proporcionar o infinito a quem nela habita, mas como todas as construções, é um espaço limitado.
A Sala de Vidro tem, portanto, como todas as casas, de conter as vidas no seu interior, ainda que as faça olhar o Mundo como a sua casa, ela serve como exibição daquelas vidas.
A sua modernidade termina onde a essência descarnada do conceito de "casa" acaba e, por isso...
Pensada como habitação familiar acaba por se tornar num laboratório ao serviço do Nazismo.
Pensada como espaço para a expressão do talento humano acaba por se tornar num ginásio para crianças com dificuldades motoras.
Pensada como revolução arquitectónica de futuro acaba por se tornar num museu daquilo que outrora foi.
A Sala de Vidro nasce para ser o absoluto tornado construção mas parece estar sempre a conter o que a rodeia, a tornar-se numa estagnação da realidade, não só ao nível da sua função global, mas também da função particular - uma casa cujos donos prometiam ser uma casa despida de segredos e que depois se torna o palco de traições e casos amorosos escondidos.
A Sala de Vidro tem todas as possibilidades de futuro inscritas em si, mas serve depois como ferramenta de um retrógrado pensamento.
A Sala de Vidro é atacada pela incompreensão tal como é amada pela sua singularidade. Trata-se de uma obra de arte fustigada pela existência humana mas que, de uma forma ou de outra, lhe sobrevive.
A Sala de Vidro torna-se assim no símbolo mais preciso de um século XX em que a discrepância entre o avanço tecnológico e o retrocesso humano estiveram sempre de mãos dadas; o símbolo de um país que se perdeu, de forma sistemática, nas mãos dos que não sabiam valorizar o que esse país lhes apresentava de moderno.
A Sala de Vidro é o local periclitante, onde o vidro promete tudo o que dela se alcança mas também ameaça ruir com facilidade.
A Sala de Vidro (Simon Mawer)
Civilização Editora
1ª edição - 2009
416 páginas
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