quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Um violento fascínio

Esta é a história de um assassino. Melhor dizendo, é a história de um bairro e das tortuosas relações que nele se criam em torno do assassino local.
A história é como um pequeno retrato de uma cidade e de um homem e das poucas figuras que o rodeiam.
Um retrato que tem tanto de quotidiano como de violento, tanto de corriqueiro como de extravagante. Ou se quiserem, um O que diz Molero conduzido por Sam Peckinpah, a poesia da violência ao serviço do espelho dos episódios que definem um espaço singular.
Gillermo Fadanelli expõe-nos a crueldade deste mundo, não nos esconde as evidências da violência que o define e o transforma.
Mas não completa o quadro, antes deixa um pequeno espaço vazio que nos cabe a nós completar.
Temos todos os dados, apenas nos falta aquele julgamento, moral, que torna evidente o repugnado fascínio que não conseguimos esconder.
Não é uma névoa que o autor usa para resguardar esse pedaço de realidade, é apenas um pequeno espaço deixado à nossa decisão, que assim torna o texto mais nosso e, sem dúvida, mais diferenciado, pois se para mim a reacção é a de deleite para outro leitor poderá ser a de asco.
Toda a delícia do livro vem daí, de um mundo que fica também como nosso, com o nosso cunho, embora seja por si só imensamente fascinante.


















A outra face de Rock Hudson (Guillermo Fadanelli)
Oficina do Livro
1ª Edição - Setembro de 2008
140 páginas

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