O Nadador mostra potencial mas sofre de problemas que se podem apontar a uma única e óbvia causa, ser um primeiro trabalho.
Joakim Zander tem boas ideias, faz uma escolha perspicaz de cenários, tenta criar personagens cativantes e coloca-as num cenário de relações geopolíticas ao longo das eras que proporciona uma base de ligação realista à trama.
Com esses elementos do seu lado o autor consegue criar capítulos empolgantes onde a tensão passa pela forma como o cenário é usado pelos personagens ou como as conspirações do poder se abatem até sobre quem julga poder delas falar numa sociedade evoluída.
Com isso Zander aproveita mesmo para fazer reflexões morais pertinentes - sem forçar conclusões nos leitores - sobre as formas de actuação (de grande e pequena escala) dos serviços americanos em cenários do Médio Oriente.
São esses mesmo personagens que estão em demasia na trama, não porque ela não almejasse o suficiente para os albergar mas porque para todos elas há a tentativa de um tratamento de primeira instância, como se pudessem ser elevados a personagens centrais sem custos para o desenvolvimento mútuo.
Até pelo investimento nos personagens que essa abordagem exige - e que não é depois compensado quando são removidos por deixarem de interessar à trama - é uma escolha contraproducente.
Todos excepto o que dá título ao livro e que é mantido em grande medida numa incompletude que quer funcionar como aura de mistério.
Justificava-se que assim fosse caso a sua relação com Klara Walldéen, a real protagonista, fosse mais difícil de definir ou aceitar.
Pelo contrário, é muito fácil - e muito cedo ainda - perceber qual a importância d'o nadador na vida de Klara e aquilo que ele vai personificar na resolução da trama.
Uma resolução que vale pela tensão que já foi valorizada, mas que não é tão complexa assim que justifique os múltiplos pontos de vista que são usados.
Por ser um momento "de acção", parece um caso de montagem cinematográfica para adicionar emoção (desnecessária) de forma artificial ao que ali acontece.
Mais visível nessa secção do livro, a pouca precisão com os saltos entre tempos, locais e personagens da história, sendo o mais comum que o autor não deixe correr o suficiente os capítulos para melhor apreciarmos as motivações de cada acção.
Por serem estas questões de execução se afirma que os problemas de um primeiro esforço, que se corrigidos pela experiência podem conduzir a uma maior apreciação das suas ideias que querem estender a consciência dura dos policiais nórdicos à leitura da política de guerra mundial.
O Nadador (Joakim Zander)
Suma de Letras / Editora Objectiva
1ª edição - Julho de 2014
464 páginas
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