Este é o terceiro livro de Luis Sepúlveda que leio desde que iniciei este blogue e, assim de memória, serão pelo menos outros tantos que havia lido antes.
Não se trata de um autor que ache bom o suficiente para estar sempre a regressar a ele, até porque apenas por uma vez - com Diário de um Killer Sentimental - ele esteve próximo de deixar uma marca permanente na minha existência de leitor.
Mas é um escritor com um uso agradável das palavras e livros de leitura breve que se encaixam bem de permeio com duas outras quaisquer leituras. É, se tal classificação existisse, um escritor de meio da tabela que não surpreende positiva ou negativamente perante as expectativas geradas.
O que é o que volta a acontecer com este livro, embora pela primeira vez me tenha sentido cansado de ler as histórias do autor - apesar de não ocuparem mais do que uma mão cheia de páginas.
Como no seu último livro que li, Histórias daqui e dali, Sepúlveda usa seu melhor estilo de contador (oral) de histórias.
Há mesmo uma revelação de que é essa a sua forma de se atirar a estes pequenos relatos quando abre uma das suas histórias dizendo que é a favorita dos seus netos.
Não há nada de mal nisso, aliás era o forte do livro anterior que me passou pelas mãos. Mas o livro anterior tinha uma capacidade de sedução que este parece ter perdido.
Trata-se das histórias contadas que deixaram de ser exóticas com uma base emocional com que nos podemos identificar. Passaram antes a ser histórias muito mais chegadas ao próprio escritor, em grande parte dedicadas a pessoas que conhece ou admira e a situações que viveu.
Por isso é necessário gostar do homem para se gostar do que nos conta. É preciso ter-se sentimentos fortes por ele para se admirar os nobres sentimentos que ele quer transmitir.
Estes pedaços de realidade que ele vai trazendo à baila não são admiráveis pedaços de literatura, são apenas memórias simpáticas em que ele passou a ser personagem.
Verdade que ele viveu muito - ou, pelo menos, viajou muito e cruzou-se com muitas pessoas inusitadas - mas isto já são as histórias que um "simpático velhote" tem para legar a uma família que o recorde como figura tutelar, uma lenda para gerações que estão por vir.
Se os leitores fazem já parte dessa família é uma questão que estará por responder. Desconfio que as vendas do livro dirão "Sim" a isso, mas também sinto que Luis Sepúlveda presumiu demais ao tomar os leitores como mais dos seus netos.
As Rosas de Atacama (Luis Sepúlveda)
Porto Editora
1ª edição - Outubro de 2011
144 páginas
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