No novo Cairo há promessas de futuro com a mesma marca do passado.
Há jovens que lutam arduamente contra a fome para se conseguirem formar apenas para descobrir que, sem conhecimentos no Estado, mais valia serem agricultores.
Há mulheres que chegam à Universidade apenas para se verem comercializadas à conta da sua beleza pelos próprios pais.
Há homens que se fazem indiferentes e altivos apenas para serem usados como engodos.
No novo Cairo há todos os males do velho Cairo apenas com uma nova roupagem. (E ninguém se iluda, são os mesmos males que ainda hoje vemos acontecer um pouco por toda a parte.)
Variam os aspectos mais prementes, os aspectos temporais, mas a situação é sempre a mesma.
Por poder, por dinheiro, por sexo, tudo se vende e tudo se compra. Honra, honestidade, memória, orgulho. Estes são só alguns dos primeiros aspectos a ser esquecidos.
Em troca de um cargo que pague bem aceita-se ser um marido de fachada que encubra a amante de um homem importante.
Um cargo tem aparências e exige dinheiro para as manter. Mais dinheiro do que o que ele recebe. Então deseja novo cargo, que pague mais. Esse já cobre as aparências que (mal) mantinha mas tem novas...
Assim, o rapaz que disse que não aceitaria voltar a passar fome, acaba por viver necessidades porque não sabe traçar o limite para que o que a sua vida pode ter.
Uma vida assente nas fundações de um castelo de cartas. Porque depende de conhecimentos e trocas com pessoas que só são importantes e poderosas por momentos, enquanto servem os interesses de outros ainda mais acima.
O novo Cairo é um Cairo de casamentos combinados, de interesses servidos sem vergonha e de escândalos consentidos.
Cairo de velhos mas eternos vícios. Cairo sem vergonha, onde os métodos se renovam para servir os mesmos velhos hábitos e os mesmos velhos desejos de poder e riqueza a qualquer custo.
Há jovens que lutam arduamente contra a fome para se conseguirem formar apenas para descobrir que, sem conhecimentos no Estado, mais valia serem agricultores.
Há mulheres que chegam à Universidade apenas para se verem comercializadas à conta da sua beleza pelos próprios pais.
Há homens que se fazem indiferentes e altivos apenas para serem usados como engodos.
No novo Cairo há todos os males do velho Cairo apenas com uma nova roupagem. (E ninguém se iluda, são os mesmos males que ainda hoje vemos acontecer um pouco por toda a parte.)
Variam os aspectos mais prementes, os aspectos temporais, mas a situação é sempre a mesma.
Por poder, por dinheiro, por sexo, tudo se vende e tudo se compra. Honra, honestidade, memória, orgulho. Estes são só alguns dos primeiros aspectos a ser esquecidos.
Em troca de um cargo que pague bem aceita-se ser um marido de fachada que encubra a amante de um homem importante.
Um cargo tem aparências e exige dinheiro para as manter. Mais dinheiro do que o que ele recebe. Então deseja novo cargo, que pague mais. Esse já cobre as aparências que (mal) mantinha mas tem novas...
Assim, o rapaz que disse que não aceitaria voltar a passar fome, acaba por viver necessidades porque não sabe traçar o limite para que o que a sua vida pode ter.
Uma vida assente nas fundações de um castelo de cartas. Porque depende de conhecimentos e trocas com pessoas que só são importantes e poderosas por momentos, enquanto servem os interesses de outros ainda mais acima.
O novo Cairo é um Cairo de casamentos combinados, de interesses servidos sem vergonha e de escândalos consentidos.
Cairo de velhos mas eternos vícios. Cairo sem vergonha, onde os métodos se renovam para servir os mesmos velhos hábitos e os mesmos velhos desejos de poder e riqueza a qualquer custo.
O Cairo Novo (Naguib Mahfouz)
Civilização Editora
1ª edição - Setembro de 2010
232 páginas
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