segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A sequela não aborrecida

Não fiquei entusiasmado com O Perito e até ao momento não houve alteração desse facto, mas perante a hipótese de ler a sequela, possivelmente por uma curiosidade subconsciente, fui em frente.
Contrariando a crença popular sobre as sequelas, Ex Machina é mesmo melhor que o original.
Ex Machina não é um thriller ou, se é, disfarça bem. As peripécias surgem lá pelo meio mas quase sem convicção.
O que está lá, o que está mesmo a acontecer, é a história de uma rapariga brilhante com tendência para a neurose e o falhanço.
Pela sua irrequietude descobre aquilo que o grupo com o qual trabalha pretende esconder dela e depois segue muito para lá de onde esse grupo alguma vez chegou.
Conhecimentos informáticos, uma imprevidência mal colocada e uma coragem tola levam-na perto da grande conquista. Mas a sua personalidade perturbada só demasiado tarde lhe permite ver que nem tudo o que consegue é por consciência ou culpa própria.
Custa um pouco aceitar a forma do relato na primeira pessoa - demasiado pessoal, com apontamentos conscientes a mais e com uma coloquialidade exagerada - mas depois sentimos que começa a funcionar e já não remoemos a consciência desse facto.
A sequela diverte-nos por se preencher com uma personagem que até podia ser um esboço de Lisbeth Salander.


















Ex Machina (Robert Finn)
Publicações Europa-América
1ª edição - Agosto de 2010
360 páginas

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