segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A aventura do livro

"Impressio Librorum" do pintor flamengo Stradanus

Entrámos numa aventura, uma grande aventura que atravessa o Oceano Atlântico.
Uma aventura extravagante com personagens inesquecíveis. Nascidas em poucos traços, são personagens normais, diríamos, mas que saltam da página pelo seu comportamento extravagante no meio de uma história maior do que as suas vidas deixavam antever.
Basta que a aventura seja uma aventura, uma deliciosa aventura, para que nos sintamos satisfeitos.
Só que esta aventura tem algo mais, pois por ser a aventura de um editor em busca de um livro guarda uma mostra da paixão que se deve colocar neste objectos.
Aquilo que um editor deve fazer por um livro, um grande livro, um livro certamente mítico e inigualável, talvez não tenha de passar pelo risco de vida, mas a coragem de o fazer valoriza tanto o livro como quem dele cuida.
Um editor aventureiro como este tem nas suas mãos uma decisão tenebrosa, a de sacrificar o livro ou a própria vida. Para um editor dedicado (e ficcional apenas?) um livro tem este valor equiparável ao de si mesmo.
Porque um livro tem um poder absoluto, de alterar as vidas e os hábitos das pessoas ou de as seduzir para a criação de uma solução própria.
Neste caso, um livro tem mesmo o poder de destruir uma carreira criminosa.
O poder da escrita e, mais ainda do que a escrita, da palavra impressa e disseminada, é o da influência igualitária. Todos os que têm acesso ao livro têm à sua disposição o mesmo conhecimento.
O poder do livro é o de não privar ninguém desse mesmo poder.
Por isso esse objecto merece a aventura que por ele se vive, merece que se lute pela salvação do seu poder, merece que se conquiste o direito da sua existência.
Um livro é uma aventura e nada mais justo do que aventurar-se por um livro!


















O livro inacabado de Dickens (Matthew Pearl)
Planeta Manuscrito
1ª edição - Maio de 2010
384 páginas

Sem comentários:

Enviar um comentário