terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Cada vez melhor

Sequelas e prequelas são tácticas mais propícias ao Cinema e que, mesmo assim, geram desconfiança. Mas se a sequela de O Perito já tinha sido melhor que o original, esta prequela é o melhor dos três livros e um sinal da inteligência e adaptabilidade do seu autor.
Este seu thriller é intenso e imparável, precisando apenas de três personagens e uma selada carruagem de metro para levar a sua trama adiante.
Uma aventura mais solta, menos constrangida com o lento construir de personagens ao serviço de uma trama que acaba por chegar.
Aqueles que ainda estão por iniciar a sua viagem com o autor farão bem em começar por aqui, encontrando um conjunto de sugestões que prometem mistérios à espera de serem resolvido nos livros que se seguem.
As capacidades dos adeptos entrevêem-se e o leitor mais atento saberá orientar a sua desconfiança para detalhes que surgem, enquanto o leitor já iniciado limitar-se-á a entender as origens do que se passa.
O livro é curto porque se baseia em acção e não em explicação. Os acontecimentos estão em movimento e logo nos preocupamos com as personagens e não com a plausabilidade da construção das linhas mais importantes do universo fantástico que suporta os seus livros.
A dedicação aos personagens já estava nos livros anteriores mas aqui o equilíbrio entre elas e a trama maior do universo que crious está muito mais bem urdido.
São detalhes e não ponderações psicológicas que definem os personagens e isso move a própria acção.
No entanto, a maneira como Robert Finn lida com o seu universo é a mesma. Ele está mais interessado em preservar a rica ideia que teve do que fidelizar os leitores a uma personagem.
A ideia está para lá da sobrevivência de uma personagem ou outra e essa é uma liberdade que todos os escritores devem preferir numa série como esta.
Ao preservar a ideia e ao aplicá-la a vários cenários inventivos que não se tornem repetitivos, ele aproveita para mudar a sua escrita a cada cenário e, muito sinceramente, sente-se que a sua abordagem melhora passo a passo.
Esta prequela, como a sequela, parecerão menos volumes em continuidade do que aventuras paralelas dentro das hipóteses do seu universo.
Esse carácter pleno de adaptação, progressão e inovação que Robert Finn aplica à sua série têm-na tornado mais interessante.


Submundo (Robert Finn)
Publicações Europa-América
1ª edição - Dezembro de 2011
144 páginas

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