Gosto demasiado de Camilleri para que quando, neste Verão, dou com um exemplar de um livro dele perdido numa livraria não me martirize por não ter notado que o livro tinha sido publicado.
E com razão pois esta pequena pérola, que se afasta rapidamente do rumo (expectável) de policial, tem a força da visão particular de um artista sobre outro e, por isso mesmo, de trazer à discussão novas percepções que nos escapariam.
Camilleri coloca-se como personagem perante um diário nunca visto de Caravaggio, com um tempo limitado para transcrever tudo o que quiser.
Com esta táctica, Camilleri fica à vontade para construir um pequeno relato críptico da degenerescência de um génio, da luz negra que recai sobre ele à medida que Caravaggio pinta algumas das suas obras mais fabulosas
A invenção do chiaroscuro pode ter sido, afinal de contas, apenas uma expressão da forma como Caravaggio via o mundo, escurecendo em torno da luz do sol que o feria.
Uma paranóia crescente e uma alucinação doentia podem não ter sido o preço do seu brilhantismo, mas antes o combustível que o alimentou.
Olhando para algumas destas obras - reproduzidas no livro - de uma forma tão peculiar e distinta por via das palavras de Camilleri não pode deixa de contribuir para que as olhemos com renovada atenção, querendo descobrir o que nos indicia.
Mas há um outro olhar que vale a pena destacar, não o do escritor sobre a obra do pintor, mas o do escritor sobre a personagem do pintor.
Ao colocar a sua personagem a falar das suas opções na escolha dos pedaços de texto a transcrever, vamos percebendo o que verdadeiramente distingue um escritor dos restantes.
Saltando sobre os dados importantes, sobre as confissões bombásticas, sobre os podres suculentos, o escritor vai directamente aos pequenos pedaços de confissão que revelam a queda da personagem que o escritor ali encontrou.
Caravaggio, naquele diário, não é um famoso pintor com uma obra de interesse global. Ali, a sós com o escritor, Caravaggio é uma personagem descoberta, é um pedaço de história a precisar de ser contada.
À luz de Camilleri, Caravaggio e a sua obra são agora novidades para nós, mesmo que já as conhecessemos bem.
E com razão pois esta pequena pérola, que se afasta rapidamente do rumo (expectável) de policial, tem a força da visão particular de um artista sobre outro e, por isso mesmo, de trazer à discussão novas percepções que nos escapariam.
Camilleri coloca-se como personagem perante um diário nunca visto de Caravaggio, com um tempo limitado para transcrever tudo o que quiser.
Com esta táctica, Camilleri fica à vontade para construir um pequeno relato críptico da degenerescência de um génio, da luz negra que recai sobre ele à medida que Caravaggio pinta algumas das suas obras mais fabulosas
A invenção do chiaroscuro pode ter sido, afinal de contas, apenas uma expressão da forma como Caravaggio via o mundo, escurecendo em torno da luz do sol que o feria.
Uma paranóia crescente e uma alucinação doentia podem não ter sido o preço do seu brilhantismo, mas antes o combustível que o alimentou.
Olhando para algumas destas obras - reproduzidas no livro - de uma forma tão peculiar e distinta por via das palavras de Camilleri não pode deixa de contribuir para que as olhemos com renovada atenção, querendo descobrir o que nos indicia.
Mas há um outro olhar que vale a pena destacar, não o do escritor sobre a obra do pintor, mas o do escritor sobre a personagem do pintor.
Ao colocar a sua personagem a falar das suas opções na escolha dos pedaços de texto a transcrever, vamos percebendo o que verdadeiramente distingue um escritor dos restantes.
Saltando sobre os dados importantes, sobre as confissões bombásticas, sobre os podres suculentos, o escritor vai directamente aos pequenos pedaços de confissão que revelam a queda da personagem que o escritor ali encontrou.
Caravaggio, naquele diário, não é um famoso pintor com uma obra de interesse global. Ali, a sós com o escritor, Caravaggio é uma personagem descoberta, é um pedaço de história a precisar de ser contada.
À luz de Camilleri, Caravaggio e a sua obra são agora novidades para nós, mesmo que já as conhecessemos bem.
A cor do sol - Os mistérios do Caravaggio (Andrea Camilleri)
Bertrand
Sem indicação da Edição - Setembro de 2008
112 páginas
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